Erros meus, má fortuna, amor ardente: peça em 3 atos
Natália Correia
Lisboa: Fernando Ribeiro de Mello - Afrodite, 1981
Ilustrações originais de
Ângelo de Sousa, Carlos Calvet,
Cruzeiro Seixas, Lima de Freitas, Francisco Relógio,
Júlio Resende, Paulo-Guilherme
Capa e apontamentos cénicos: cenários, figurinos, estrutura plástica:
Paulo-Guilherme d´Eça Leal
Apontamentos sobre a encenação de Jacinto Ramos
Arranjo gráfico de José Marques de Abreu
Tema musical principal (Camões): composição de César Batalha
Referência da obra:
Erros meus, má fortuna, amor ardente: peça em 3 actos. – Natália Correia. – “Ilustrações originais” de Ângelo de Sousa, Carlos Calvet, Cruzeiro Seixas, Lima de Freitas, Francisco Relógio, Júlio Resende, Paulo-Guilherme. – “Capa e apontamentos cénicos“ (“cenários, figurinos, estrutura plástica”): Paulo-Guilherme d´Eça Leal; “Apontamentos sobre a encenação“ de Jacinto Ramos; "Arranjo gráfico“: José Marques de Abreu, “Tema musical principal (Camões): composição de” César Batalha. Texto nas badanas de DavidMourão-Ferreira. Lisboa: Fernando Ribeiro de Mello - Afrodite, 1981 [impr. nov. 1981]. – [1 vol.: 18 estampas (25cm)]. / 2.ª ed., Lisboa: O Jornal, 1991. – [231 p. (21cm). ISBN 972-692-088-4].
Ilustração de Francisco Relógio
"Para quem conhece o anterior teatro de Natália Correia, esta peça constitui simultaneamente uma confirmação e uma surpresa. Confirmação, antes de mais, da sua empolgante força de criadora dramatúrgica e do seu incomparável dom para conferir, em termos de teatro, a dimensão do mito aos temas em que toca, aos assuntos que assume, às figuras em que desdobradamente encarna a sua própria natureza dilemática.Mas surpresa, também, e não pequena, porque se verifica, nesta peça, um significativo alargamento do sei habitual pendor de expressão barroca até àqueles extremos confins em que o neoclássico e o romântico, por mais opostos ou distantes que sejam, acabam por conviver numa inesperada fronteira. E isto mesmo representa um profundo entendimento, não só da obra e da personalidade de Camões, mas também do fecundo sincretismo da sua mesma fortuna póstuma.Equidistante, pela forma e pela estrutura, de certos avatares do teatro neoclássico e de certas obsessões do drama histórico de cepa romântica, esta peça de Natália Correia, sem tão-pouco abdicar do intrínseco barroquismo da sua autora, teria sido, em 1980, sobre o tablado de um Teatro Nacional que pudesse a um tempo ser “nacional” e ser “teatro”, a mais condigna homenagem da criatividade contemporânea ao nosso maior poeta de todos os tempos, no 4.º centenário da sua Morte. Assim o não quis, no entanto, o sombrio e sinistro soba que “reinou”, em 1980, na esfera oficial da cultura portuguesa.“
– David Mourão-Ferreira
Ilustração de Carlos Calvet
"Transcendendo as intrigas palacianas (rivalidade com Pedro de Andrade Caminha) e as peripécias amorosas, a figura humana de Camões e a imortalidade do seu génio são as tónicas fundamentais desta obra dramática, difícil de classificar, na medida em que serpenteia entre a trivialidade e a jocosidade da comédia e a profundidade e a tensão humana dos grandes conflitos trágicos, tendo como base o percurso bibliográfico do próprio poeta e o contexto histórico e cultural em que viveu.A linguagem, muito rica e diversificada, ganha o viço e o esplendor das grandes obras renascentistas, quase sempre muito adequado aos ambientes (nobres e populares) e às respetivas personagens, todas elas bem concebidas e desenhadas com muita convicção, coerência e vivacidade, tendo como fontes não apenas os dados escritos, mas também a tradição popular e a memória cultural portuguesas.O recurso aos modernos meios dramatúrgicos, como minuciosamente se propõe nas extensas didascálias, designadamente os efeitos dos cenários, da sonoplastia e da luminotecnia, enriquece a encenação desta obra de cunho contemporâneo, mas de conteúdo e valor clássicos."António Moniz e Olegário PazIn Ler para ser: percursos em português [...]Lisboa: Presença, 1993, p.135. (obtido online)
Para saber +
Tertúlia em casa de Natália Correia