"Praia das Maças", 1918 - por José Malhoa |
A fermosura desta fresca serra
e a sombra dos verdes
castanheiros,
o manso caminhar destes
ribeiros,
donde toda a tristeza se
desterra;
o rouco som do mar, a
estranha terra,
o esconder do sol pelos
outeiros,
o recolher dos gados
derradeiros,
das nuvens pelo ar a
branda guerra;
enfim, tudo o que a rara
natureza
com tanta variedade nos
of'rece,
me está, senão te vejo,
magoando.
Sem ti, tudo me enjoa e
me avorrece;
Sem ti, perpetuamente
estou passando,
nas mores alegrias, mór
tristeza.
Luís de Camões
Fonte:
Lírica completa - II [Sonetos], org., pref. e notas de Maria de Lurdes Saraiva, 2.ª ed., revista,
Lisboa: INCN, 1994, p. 212.