Fonte da imagem: Bloggs74
Busque Amor novas artes,
novo engenho
para matar-me, e novas
esquivanças;
que não pode tirar-me as
esperanças,
que mal me tirará o que eu
não tenho.
Olhai de que esperanças me
mantenho!
Vede que perigosas
seguranças!
Que não temo contrastes nem
mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode
haver desgosto
onde esperança falta, lá
me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê:
Amor um mal, que mata e não se vê:
que dias há que na alma me
tem posto
um não sei quê, que nasce
não sei onde,
vem não sei como; e doi não sei porquê.
Luís de Camões
Fonte:
Lírica completa - II [Sonetos],
org., pref. e notas de Maria de Lurdes Saraiva, 2.ª ed., revista,
Lisboa: INCN, 1994, p. 296.