2017/11/06

A vida ficcionada de Luís de Camões, uma série para a RTP, por Carlos Barradas


A vida ficcionada de Luiz de Camões

Série de ficção baseada na vida de Luís de Camões (1524-1580), desde a sua juventude em Coimbra e no Paço, em Lisboa, onde lhe reconhecem o talento, passando por Goa, África, Macau. Termina com o regresso a Lisboa, numa vida de aventuras errantes, amores ardentes e infortúnios.



Ficha Técnica

Título/ano: Aquela cativa que me tem cativo, 1995.

Intérpretes: 
Diogo Infante, Alexandra Lencastre, Almeno Gonçalves, 
Ana Nave, Fernando Heitor, Henrique Viana, 
Leonor Alcácer, Luís Alberto

Realização: Carlos Barradas

Produção: Luís de Freitas
Autoria: Arlete Perdigão, Eduardo Cruzeiro

Duração: 51 minutos





Introdução 1, em Aquela cativa que me tem cativo



D. Diogo de Menezes caminha para o cadafalso por se ter recusado a entregar a praça de Cascais ao novo Rei de Portugal, Filipe de Espanha. 
Durante a caminhada vão repassando pela sua memória toda a vida e recordações do seu companheirismo e amizade por Luís Vaz de Camões. 
Quando desce a espada para o corte final com a vida, inicia-se o flash back desta história.


Cena do naufrágio, em Aquela cativa que me tem cativo

Naufrágio da nau em que Luís de Camões regressa definitivamente a Portugal


2017/10/10

35 Anos da Secção Luís de Camões na Sociedade de Geografia de Lisboa

 

Colóquio 

Comemorativo dos 

35 Anos da Secção Luís de Camões

e de homenagem à Senhora Professora Doutora 

Maria Isabel Rebelo Gonçalves


MEMÓRIAS



Lisboa: Sociedade de Geografia de Lisboa, Junho 2017

Coleção Memórias, 18







na Sociedade de Geografia de Lisboa





2017/09/15

Curso Mitologia e História em Os Lusíadas, por Ricardo de Carvalho



Mitologia e História em Os Lusíadas

MINICURSO

Ministrado por Ricardo de Carvalho

SET. 2027 |  Com 4 horas de duração

Escola de Filosofia, do Instituto Valor e Verdade, no Brasil








"As aulas serão conduzidas 
pelo professor e pesquisador Ricardo de Carvalho,
colaborador do Instituto Valor e Verdade. [...]
Envolvido em pesquisas nos campos da 
literatura, história, mitologia, artes liberais e filosofia, 
Ricardo de Carvalho tem estudado 
a obra-prima de Luís de Camões há alguns anos e 
apresentará, ao longo das aulas, apontamentos e 
lições cantadas pelo maior poeta da Língua Portuguesa."





Sinopse:

"Sobre os Lusíadas. 
Luís de Camões nasceu em Lisboa, em meados dos anos 20, do século XVI. 
Leitor de grandes poetas, como Petrarca, Virgílio e Homero, o bardo lusitano teve 
uma formação nos estudos clássicos, adquirindo conhecimentos de 
história universal, geografia, mitologia clássica, literaturas antigas e modernas, 
poesia cultura e popular, tanto da Itália quanto da Espanha.

Camões dividiu Os Lusíadas, impressa em 1572, em três partes: 
introdução, narração e epílogo. 
O poema épico é grande narrativa sobre 
a viagem de Vasco da Gama em busca de um caminho marítimo para a Índia. 
São 10 cantos em que se ressaltam apontamentos sobre 
o humanismo, vigente no Renascimento, conhecimentos mitológicos e linguísticos.
Segundo a pesquisadora Jane Tutikian, “Os Lusíadas têm linhas épicas sustentadas por 
fatores líricos em seus episódios mais importantes."











para saber +

in Instituto Valor e Verdade, 15.09.2017

Ricardo de Carvalho
in Ricardo de Carvalho: Simbolismo & Imaginário, 29.04.2024

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 1.06.2024







Redação: 1.06.2024

2017/08/31

Eunice Muñoz e Ary dos Santos recitam poemas de Luís de Camões

 Recitar os textos de Camões




Edição original:
Líricas de Camões: ditas por Eunice Muñoz e J.C. Ary dos Santos. – Disco em vinil, com os textos literários/poesia. Ed. Sassetti; Guilda da Música; Disco Falado, 1971.

Reedição:
Luís Vaz de Camões: por Ary dos Santos e Eunice Muñoz. – Audiolivro em CD. Edição da Companhia Nacional de Música, 2011. – Col. Audiobooks; ISBN: 5606265004699



 Faixas dos poemas cantados

Reprodução integral do disco vinil (clique aqui),
em  vídeo no Youtube, da autoria de José Daniel Ferreira, ed. 08.09.2015.


  1. Ary dos Santos – “Descalça vai para a fonte”, redondilha (01:26).
  2. Eunice Muñoz – “Esparsa ao desconcerto do mundo” (00:58).
  3. Ary dos Santos – “Erros meus, má fortuna, amor ardente”, soneto (01:27).
  4. Eunice Muñoz – “Amor é fogo que arde sem se ver”, soneto (01:18).
  5. Ary dos Santos – “Transforma-se o amador na cousa amada”, soneto (01:26).
  6. Eunice Muñoz – “Busque amor novas artes, novo engenho”, soneto (01:37).
  7. Ary dos Santos – “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, soneto (01:16).
  8. Eunice Muñoz – “Aquela triste e leda madrugada”, soneto (01:32).
  9. Eunice Muñoz – “Sete anos de pastor Jacob servia”, soneto (01:42).
  10. Ary dos Santos – “O céu, a terra, o vento sossegado”, soneto (01:21).
  11. Eunice Muñoz – “Cá nesta Babilónia donde mana”, soneto (02:05).
  12. Ary dos Santos – “Eu cantei já, e agora vou chorando” / “O dia em que nasci morra e pereça”, sonetos (02:50).
  13. Ary dos Santos – Episódio de Inês de Castro 1, Os Lusíadas, Canto III, 120-125 (03:37).
  14. Eunice Muñoz – Episódio de Inês de Castro 2, Os Lusíadas, Canto III, 126-129 (01:54).
  15. Ary dos Santos – Episódio de Inês de Castro 3 Os Lusíadas, Canto III, 130-135 (04:56).




2017/08/30

As primeiras biografias de Camões

As primeiras biografias

 

1.ª - por Pedro Mariz

“A mais antiga biografia, escrita na época dos netos da geração de Camões, é da autoria de Pedro Mariz e antecede a ed. de 1613 [d’Os Lusíadas], comentada por Manuel Correa, amigo de Camões, já falecido, a qual inclui alguns comentários biográficos.” (António José Saraiva)
O texto, intitulado “Ao estudioso da lição poética”, foi reimpresso na edição das Rimas de 1616, com alterações, e foi transcrito (com atualização de ortografia e pontuação) e estudado por Maurício Matos [Brasil, 1973-], disponível online aqui, em formato Word.

2.ª - por Manuel Severim de Faria

A segunda biografia foi publicada por Manuel Severim de Faria [1583-1655] em Discursos vários políticos, 1624.

3.ª - por Manuel de Faria e Sousa

Manuel de Faria e Sousa [1590-1649], o maior comentador da obra camoniana de todos os tempos, publicou duas biografias: uma em 1639, na introdução à edição d’Os Lusíadas (em castelhano), outra, postumamente, em 1685, intitulada “Vida del Poeta”, na edição às Rimas várias de Camões, também em castelhano.




Algumas referências

  • Os Lusíadas / Luís de Camões. Introd., notas, fixação do texto e vocabulário de António José Saraiva. 2.ª ed. Porto: Figueirinhas, 1999. – 1.ª ed., 1978, p. 51.
  • MATOS, Maurício (2005) A mais antiga biografia de Camões, Revista Camoniana. Bauru, v. 17 (2005), 197-206.




Os principais documentos sobre a vida de Camões





Os principais documentos sobre a vida de Camões são:

a) uma “carta de perdão” de D. João III, de 13 de março de 1553, mandando soltar Camões da prisão onde se achava por se ter envolvido numa desordem.

b) um registo da Casa da Índia, de 1550, em que que Camões com 25 anos de idade se alista  para embarcar para a Índia.
Apenas se conhece através da tradução castelhana de Manuel de Faria e Sousa (1590-1649) publicada na sua 2.ª “vida” de Camões (Faria e Sousa publicou duas biografias: uma em 1639, na introdução à edição d’Os Lusíadas em castelhano; outra, postumamente, na edição às Rimas várias de Camões).

c) outro registo da Casa da Índia, de 1553, constando a partida de Camões para a Índia nesse ano.
Segundo a mesma fonte sousiana.

d) licença e privilégio para a impressão d’Os Lusíadas, datada de 23 de setembro de 1571.

e) alvará concedendo a Camões, a partir de 12 de março de 1572, uma tença de 15.000 reis anuais. Datado de 28 de julho do mesmo ano.

f) alvará de 11 de agosto de 1575, renovando aquela tença por mais 3 anos.

g) alvará de 11 de junho de 1578, renovando a mesma tença por mais 3 anos.

h) alvará de 31 de maio de 1582, mandando pagar à mãe de Camões, já falecido, 6 mil reis de tença anual.

i) alvará de 13 de novembro de 1582, mandando fazer um pagamento de dinheiro atrasado à mãe de Camões, onde se afirma que o filho faleceu em 10 de junho de 1580.

Estes documentos, exceto b) e c), estão todos reproduzidos por José Terra na sua tradução da obra de Georges le Gentil (1969) Camões, trad. e notas de José Terra, Lisboa: Portugália, 1969.

São também documentos importantes para a biografia de Camões as suas cartas.




Fonte:
  • Os Lusíadas / Luís de Camões. Introd., notas, fixação do texto e vocabulário de António José Saraiva. 2.ª ed. Porto: Figueirinhas, 1999. – 1.ª ed., 1978, p. 51-52.
Ver também:

2017/08/25

Música

Camões e a Música




Nesta página, apesar da bibliografia indicada, tratamos das peças musicais inspiradas na obra camoniana e também da música renascentista.























Lírica Luís de Camões [Camões é um poeta rap]. - Dramaturgia, encenação e interpretação de Gisela Cañamero; banda sonora: Luís Beco; vídeo: José Barbieri; produção: Arte Pública. - Vídeo disponibilizado no Youtube, publicado a 20.05.2010. - "Evento performativo e musical, com a qualidade literária do génio de Camões. Assenta num conceito inovador que aproxima a Lírica do grande poeta à nossa vivência contemporânea, através dos ritmos rap e hiphop."









Epopeia. - CD inspirado n'Os Lusíadas, pela Tuna Camoniana - "In Vino Veritas" da Universidade Autónoma de Lisboa Luís Vaz de Camões, 2007.










Líricas de Camões: ditas por Eunice Muñoz e J.C. Ary dos Santos. – Disco em vinil, com os textos literários/poesia. Ed. Sassetti; Guilda da Música; Disco Falado, 1971, reed. com o título Luís Vaz de Camões: por Ary dos Santos e Eunice Muñoz. – Audiolivro em CD. Edição da Companhia Nacional de Música, 2011. – Col. Audiobooks.












Camões, as Descobertas... e Nós. – LP, álbum vinil. – José Cid e Amigos. – Portugal:  Mercury Records / Polygram Discos, 1992.







Por este rio acima: as viagens de Fernão Mendes Pinto – LP duplo (disco em vinil); duração 76:29. 1.ª ed., Portugal: Triângulo / Sassetti, 1982. – Gravado de março a set. 1982 no Angel Studio. Letras e músicas de Fausto; arranjos: Eduardo Paes Mamede e Fausto; orquestrações, direção musical e produção: Eduardo Paes Mamede; captação de som: José Fortes, Rui Novais, Luís Flor; misturas: José Fortes, Luís Flor em "O barco vai de saída" e "A guerra é a guerra"; capa: José Brandão; foto: João Castel-Branco.





A música no tempo de Camões / 
Music in the time of Camões– LP duplo (disco em vinil). 1.ª ed., Portugal: Edição original portuguesa de A Voz do Dono / EMI - Valentim de Carvalho, 1979. - Inclui um livreto de 12 págs. com informação em português e inglês e imagens. - Pelos Segréis de Lisboa: Helena Afonso (soprano e percussão), Fernando Serafim (tenor e percurssão), Catarina Latino (flauta doce, ..., percussão), António Oliveira e Silva (viola de arco e violino), Kenneth Frazer (viola da gamba), Manuel Morais (vihuela, percussão, falsete e direção); Convidados: Joaquim Simões da Hora (órgão) e Rui Vieira Nery (cravo e clavicórdio).










Epopeia. – LP, álbum. Portugal: Philips, 1969. / LP, álbum. Portugal: Fontana, 1970. / Reed. em CD, álbum. Portugal: Philips, 1998.








Invocação dos Lusíadas, Op. 19, de José Vianna da Motta. - Concerto Coral-Sinfónico. Teatro Nacional de São Carlos, Sala Principal, 31 de março de 2023, 21h.













João Domingos Bomtempo, composição (c.1818) Requiem em C-minor, Op. 23, "À memória de Camões”.











Algumas referências

  • BRANCO, João de Freitas (1979) A música na obra de Camões. Lisboa: ICALP. - Col. Biblioteca Breve.
  • BRANCO, João de Freitas (2005) Camões e a música. Lisboa: IST Press.
  • BRANCO, João de Freitas (1982) Camões e a música. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa. - Ed. comemorativa do IV centenário da morte de Camões.
  • LANGROUVA, Helena (2011) Camões e a Música, verbete, in Dicionário de Luís de Camões. Org. Vítor Aguiar e Silva. Lisboa: Leya, 153-.











Redação: 25.08.2017, atualizado em 29.12.2024.

Cinema


O filme realizado por José Leitão de Barros, em 1946

Camões e o Cinema

 
Obras cinematográficas, curtas e longas metragens, baseadas na vida e na obra de Luís Vaz de Camões.


Jorge Cramez, realização (2000) Erros meus. – Curta-metragem, de 15 min. – Adaptação do conto de Jorge de Sena Super Flumina Babylonis, sobre “o triste ocaso da vida de Luís de Camões”, protagonizado por Luís Miguel Cintra e Isabel Ruth.

Paulo Rocha, realização (1998) Camões: tanta guerra tanto engano. – Filme português, 75 min.. – Versão semi-televisiva, que consiste no registo audiovisual do espetáculo encenado por Silvina Pereira, no Convento dos Inglesinhos, em que as vozes de Augusto Portela, Isabel Fernandes, Júlio Martín e Silvina Pereira dão corpo dramático à lírica camoniana.

Manoel de Oliveira, realização (1990) NON ou a vã glória de mandar. – Filme português, de reflexão crítica sobre a História de Portugal, retratando também o episódio da Ilha dos Amores.  O texto camoniano surge em off, cantado por Teresa Salgueiro.

M. G. Faria de Almeida, realização (1966) Camões. – Curta-metragem portuguesa, de 13 minutos. –  Consultor literário: o camonista Hernâni Cidade. – Breve retrato da vida e obra de Camões.

João Mendes, realização (1950) Mar Português. – Filme português, de 18 minutos. – Com poemas de Camões e de António Nobre, Guerra Junqueiro e Fernando Pessoa declamados por João Villaret.

José Leitão de Barros, realização (1946) Camões: erros meus, má fortuna, amor ardente. – Filme português, a preto e branco, 118 min., lançado a 23.09.1946. – Foi apresentado oficialmente no Festival de Cannes de 1946 e é uma obra de referência do cinema português dos anos 40.


Referências

  • BELO, Maria do Rosário Lupi (2011) Camões e o Cinema, verbete, in Dicionário de Luís de Camões. Org. Vítor Aguiar e Silva. Lisboa: Leya, 125-.


2017/07/27

CAMÕES, O SUPER-HERÓI DA LÍNGUA PORTUGUESA, como nos conta Maria Alberta Menéres

O livro

Camões, o super-herói da língua portuguesa
por Maria Alberta Menéres



1.ª edição, Alfragide: Asa II, 2010.
Ilustrações de Fernanda Fragateiro e José Fragateiro. 



2.ª edição, Porto: Porto Ed., 2016.
Ilustrações de Tiago Albuquerque e Nádia Albuquerque.





Texto lido por Eugénia Melo e Castro no lançamento do livro, em Lisboa:


CAMÕES, O SUPER HERÓI DA LÍNGUA PORTUGUESA

de

MARIA ALBERTA MENÉRES


Desde criança que eu ouço a minha mãe dizer, sempre com um sorriso meio irónico, que “o melhor improviso é o mais bem ensaiado”.
Sempre resisti a isto heroicamente durante anos, até perceber que ela tem toda a razão!! Falar de improviso tem os seus encantos de espontaneidade, porém podem ficar muitas coisas por dizer, a emoção pode trair a memória do que se quer deixar dito exatamente........ ou então....... e em favor do improviso mal estudado, a exatidão pode também transformar-se numa grande conversa monocórdica............
Quando se trata de falar sobre a minha mãe, Maria Alberta Menéres, nenhum destes riscos pode acontecer.
Misteriosamente tudo aparece pronto, desenhado mentalmente e perfeitamente escrito, poeticamente inconfundível, como se  tratasse de uma viagem interna absolutamente solitária, que o é, a escrita, mas no seu caso sempre acompanhada de uma imaginação e de uma vivencia diária dessa imaginação, no caso dela, apenas única.
Este livro nasceu da sua experiencia pessoal com Camões, com a sua poesia, com o fascínio que a poesia de Camões teve e tem na sua vida pessoal e literária.
Durante anos percorreu escolas, caminhos, km e km de estrada, de noites e dias fora de casa, ao volante de um volante quase sempre solitário, numa aventura urgente de contar as suas aventuras aos seus alunos e leitores, sempre com o mesmo fascínio do momento das próprias aventuras vividas na sua realidade sempre tão pessoal !!
E são sempre  aventuras medonhas, terríveis, fantásticas, perigosas, e ao mesmo tempo ingénuas, imaginárias, poéticas, onde a realidade sempre se mistura de uma maneira totalmente única com a sua tal realidade.
Para a minha mãe, a realidade é a imaginação, o seu mundo é totalmente criado à parte e em outra dimensão.
Para se viver com ela essa é a regra número um para uma vida em harmonia.
O mundo interior de Maria Alberta Menéres sempre foi único, e eu, como filha, sempre fui fascinada com essa sua capacidade de enfrentar o mundo, sempre pelo lado maravilhoso  da poesia, da sedução das palavras e dos silêncios, entre os sons e os intervalos.
Claro que lá em casa ela nunca entrou na cozinha, e as poucas vezes que o fez foi um desastre. Não nasceu com esse dom doméstico da boa dona de casa, fama essa que sempre fez questão de alimentar e de manter bem acesa........ por outro lado, a sua timidez nunca a deixou mostrar ao mundo a sua voz sensacional de fadista, quem ouviu sabe que eu não estou a exagerar, era absolutamente genial, mas só cantava atrás de um biombo, escondida......... vestida a rigor, xailes de seda antigos, mas sair de trás do biombo, nem pensar......
A escrita sempre foi o seu elo com o mundo, e esta “saga” de escrever um livro sobre a vida de Camões começou já há alguns bons anos atrás.
Se Ulisses, seu herói contado e escrito, não sendo um herói nacional, era de tal forma entendido e adorado pelos nossos jovens, porque não contar a vida de Camões, um herói  nacional mais português impossível!!
Estava na hora de contar a história deste homem fantástico, igualmente guerreiro, igualmente aventureiro, poeta maior, “príncipe dos poetas”, como lhe chamaram, português, real , com uma vida pessoal intensa, rica em peripécias, e um prato cheio para conquistar a imaginação através da sua poesia, e transportar toda essa informação através de uma linguagem do mundo de hoje, tão povoada de super heróis !!
A obra máxima de Camões, Os Lusíadas, ao ser estudada pelos mesmos jovens, terá com certeza outro encanto e entendimento, depois de seduzidos pela pessoa de Camões, quem ele era, o que fazia, como foi a sua vida atribulada, os seus amores, as suas viagens, os seus infortúnios, a sua coragem, os seus feitos, o seu sentido de humor e de amor......
Maria Alberta Menéres pesquisou meses e meses todas as biografias possíveis sobre Camões, estudou, releu e releu a sua poesia, (a ponto de descobrir até duas leituras possíveis para um mesmo poema) facto inédito até então descoberto, ou seja,  entrou no seu mundo mais íntimo, tentou pensar com a cabeça de Camões através da sua obra.
E numa bela noite  escreveu este livro, princípio, meio e fim!!
Como é seu hábito, concluiu, descansou, enfiou numa das muitas gavetas mágicas lá de casa, e a vida continuou tranquila, e como tinha a sensação da obra concluída, o livro ali ficou pelo menos uns 4 anos.
Eu confesso que de vez em quando eu perguntava, mãe , e o Camões?????? Ela ria e dizia, sim sim tenho de o escrever, tal e coisa, está todo na minha cabeça. E lá continuava a sua vida, numa alegre correria constante.
É preciso contar aqui que a minha mãe escreve de noite, quando todos dormem ela acorda, o silencio, a solidão, e a noite, sempre a noite. É o seu momento especial. Este não é o seu primeiro livro escrito e guardado ao amanhecer numa tal gaveta secreta !!
Tenho a certeza que este não é o último livro perdido ou guardado, de vez em quando vou vasculhar as gavetas todas, mas o mais incrível é que ela inventa gavetas novas todos os dias.........  esconderijos.......
Um dia , há cerca de um ano, estávamos nessas missões eternas de encontrar uns papéis urgentes, eis que surge, escrito na sua imbatível e insubstituível máquina de escrever, o “Camões, o super-herói da língua portuguesa!!!
Depois foi todo o trabalho cujo resultado se vê aqui, a escolha dos ilustradores, Fernanda Fragateiro e José Fragateiro, cujos traços e desenhos correspondem exatamente ao sonhado pela minha mãe para este livro, para além da imensa admiração e amizade  que têm entre si.
Foi um trabalho de pós produção feito sem pressas, contámos com todo o apoio  incondicional do Vítor Silva Mota, e de toda a equipa da editora Asa, e agora o nosso super herói da língua portuguesa está à solta no mundo, tal qual Camões viveu, e sempre continuará a reviver, pelo mundo fora, tal qual Maria Alberta Menéres nos diz, no final do livro:

“enquanto houver no mundo quem leia, entenda e sinta a sua poesia...........”

Eugénia Melo e Castro

18 de maio de 2010
(Fonte: o blogue da escritora Maria Alberta Menéres).



Referências completas:

Camões, o super-herói da língua portuguesa / Maria Alberta Menéres; il. Fernanda Fragateiro, José Fragateiro. Alfragide: Asa II, 2010. – 92, [1] p.; il. (21cm); col. “Biblioteca Maria Alberta Menéres”;  ISBN 978-989-23-0815-9. /  2.ª ed., Porto: Porto Ed., 2016. – il. Tiago Albuquerque, Nádia Albuquerque. – 79 p.; il. (25cm); ISBN 978-972-0-72904-0.

A autora


Maria Alberta Menéres
 nasceu a 25.08.1930, em Vila Nova de Gaia.
*
É poetisa, ficcionista (conto, novela, narrativa de BD), dramaturga
E professora de Língua Portuguesa e História no ensino básico e secundário.
*
Verteu para português atual o texto integral da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto
(1.ª ed., Lisboa: Afrodite, 1971. / 2.ª ed., 1975. / 3.ª ed., 1980.
Peregrinação & cartas. – e com glossário. Lisboa: Afrodite, 1989. / Lisboa: Relógio d’Água, 2001).
Deste livro editaram-se volumes especiais,
com textos inéditos de ensaístas e escritores portugueses,
integrados no Ciclo Comemorativo dos Descobrimentos Portugueses.
*
Publicou cerca de 7 dezenas de livros para crianças.
*
Curiosidade: é a mãe da cantora Eugénia Melo e Castro.
*
Recebeu o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças, pelo conjunto da sua obra literária, em 1986.
*
Em 2010 lança publica o livro Camões, o Super Herói da Língua Portuguesa
“ com a intenção de ‘preparar e conquistar’ poeticamente as crianças
para o estudo e o entendimento de Luís de Camões,
 e da sua maior obra literária OS LUSÍADAS !” (Fonte: aqui)

* * *



Referências

  • Maria Alberta Menéres. – perfil oficial da escritora no Facebook.
  • PIRES, Maria da Natividade Pires; José António Gomes (2012) Menéres, Maria Alberta, in Quem é Quem, no site da DGLB.
  • Menéres, Maria Alberta, verbete biográfico da escritora, in Dicionário cronológico de autores portugueses, vol. V, Lisboa, 1998, revisto em agosto 2010, disponível no site da DGLB.