A exposição
A CIDADE GLOBAL. Lisboa no renascimento
THE GLOBAL CITY. Lisbon in the Renaissance
24 de fevereiro a 9 de abril de 2017.
Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA).
Projeto comissariado por: Annemarie
Jordan Gschwende Kate J.P. Lowe
Organização: MNAA
Assessor científico: Hugo Miguel Crespo
Consultor de História da Ciência: Henrique Leitão
Projeto museográfico: Manuela Fernandes
Textos de: comissárias, Miguel Soromenho, Paula
Brito Medori
Tradução: John Elliott
Multimédia: Pablo Zorilla
Slide-show: Ana Sousa
Uma exposição baseada no livro editado no Reino Unido – The Global City. On the streets of the
Renaissance Lisbon (Londres: Paul Holberton Publishing, 2015),
da coautoria das historiadoras Annemarie Jordan Gschwend e de Kate Lowe.
As
autoras do livro e agora comissárias da exposição são igualmente as editoras do
catálogo da exposição – A cidade global. Lisboa no renascimento /The global city. Lisbon in the
Renaissance (Lisboa: MNAA – INCM, 2017).
São
249 peças expostas, provenientes de 77 emprestadores, 64 nacionais e 13
internacionais, entre as quais se encontram o British Museum, o Pitt Rivers
Museum, o Museu Nacional do Prado, a biblioteca da Universidade de Leiden (Holanda)
e o Museo Nazionale Preistorico Etnografico “Luigi Pigorini”, em Itália.
As
peças - pintura, livros, animais empalhados, porcelanas, rosários, tapeçarias,
azulejos e mobiliário e muitas outras peças – constituem uma referência para o
conhecimento histórico da Lisboa do século XVI.
As peças centrais da exposição
são os dois quadros pintados entre 1590 e 1620, de artista anónimo, e que
poderão ser vistos pela primeira vez em Lisboa. Designada “[A vista da] Rua Nova dos Mercadores”, a obra está
dividida em dois painéis.
Vista da Rua Nova dos Mercadores, c. 1570-1619.
Rua Nova I - Rua Nova dos Ferros com a esquina do Largo do Pelourinho Velho;
Rua Nova II - Do Arco dos Barretes ao Arco dos Pregos;
De Autor flamengo desconhecido
Propriedade: Londres, Kelmscott Manor Collection
The Society of Antiquaries of London.
Outras peças: a
Vista Panorâmica de Lisboa (Leiden University Library); “O Chafariz d’El-Rei”, pintado c. 1570-1580, pertencente
à coleção Berardo; a vista ribeirinha de Lisboa da Crónica
d’el Rei D. Afonso Henriques (Museu Condes de Castro Guimarães / Câmara
Municipal de Cascais), “Paraíso Terrestre”, de Pieter Brueghel, o Jovem
(Museu do Prado); as Obras Matemáticas de Francisco de Melo (Stadtarchiv der
Hansestadt Stralsund, Alemanha); o cofre-relicário, de madrepérola
e prata, que guarda as relíquias de São Vicente (Sé Patriarcal de Lisboa); o
inventário da casa e das joias de um rico mercador, Simão de Melo Magalhães; a
Cruz Processional de Dona Catarina de Bragança (Paço Ducal de Vila Viçosa); o
camafeu de 1579, representando o rinoceronte de D. Manuel I (Colecção Guy
Ladrière, em França), entre muitas outras.
“Do mesmo modo que os habitantes de Lisboa não podiam sair de casa sem se cruzarem com estrangeiros, também era impossível alguém sair à rua sem ver algo que lhe recordasse o império comercial português mundial. A juntar aos barcos que, no porto, partiam e chegavam de África, da Ásia e do Brasil, Lisboa estava repleta de edifícios ligados a esse comércio transoceânico e de objetos, materiais, têxteis, produtos alimentares, flora e fauna dele resultantes. Os sítios atrás referidos são apenas uma pequena seleção de lugares e espaços marcados pelo poderio mundial de Lisboa no século XVI. A sua presença trouxe a Lisboa mudanças de importância vital: culturais, visuais, intelectuais, sociais, económicas, estéticas, arquitectónicas. Mas o efeito não eras apenas sentido e comentado em Lisboa. Os estrangeiros visitavam esses sítios e falavam e escreviam acerca deles quando regressavam a casa, fazendo circular informações sobre a nova Lisboa por todo a Europa; e os marinheiros e mercadores a bordo dos navios contavam histórias sobre a nova Lisboa quando ancoravam em portos estrangeiros. No século XVI, o ditado “quem não vê Lisboa, não vê coisa boa” andava nas bocas do mundo; a identidade da cidade global tornava-se proverbial.”
Do catálogo da exposição, I. Vistas de Lisboa: contexto histórico, p. 56-57.
ÍNDICE
[Prefácios de:]
- Luís Filipe Castro Mendes, Ministro da Cultura (p. 5);
- António Filipe Pimentel, Diretor do MNAA (p. 7);
- Annemarie Jordan Gschwend e Kate Lowe, Comissárias (p. 8-9).
Índice (p. 10-11)
I.
Vistas de Lisboa: contexto histórico,
Annemarie Jordan Gschwend e Kate Lowe.
Chafariz d'el-Rei, c. 1570-1580
Autor desconhecido. Coleção Berardo.
- “A representação da Lisboa global”, Annemarie Jordan Gschwend e Kate Lowe.
- “Sítio globais da Lisboa renascentista”, Annemarie Jordan Gschwend e Kate Lowe.
- “A Ribeira de Lisboa, plataforma portuária da cidade global”, Carlos Caetano.
- “Os pintores e a cidade: à volta do Rossio na época dos Descobrimentos”, Joaquim Oliveira Caetano.
- “O modelo digital da pintura Rua Nova: recreando a arquitetura quinhentista de Lisboa”, Laura Fernández-González.
- Obras expostas (cats. 1 a 12)
II. “Novas novidades”,
Rui Manuel Loureiro.
Mapa da Terra, vista do Polo Norte,
in Livro de Marinharia, Lisboa, 1560, fl. 20v.,
de João de Lisboa (c.1470-1526?)
Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo
- “Ciência e conhecimento nas livrarias quinhentistas da Rua Nova dos Mercadores”, Rui Manuel Loureiro.
- Obras expostas (cats. 13 a 29)
III. De África,
Kate Lowe.
Janeiro, pormenor de cena familiar com a representação de um criado negro
António de Holanda (1480-1557)
in Livro de Horas, dito de D. Manuel I,fl. 5, 1517-1551.
Lisboa, MNAA.
- “Os estrangeiros na Lisboa global”, Kate Lowe.
- “De Frunando a Fernando: Africanos ocidentais e a língua na Lisboa do Renascimento”, Kate Lowe.
- Píxides sapi-portuguesas de marfim; colheres da África Ocidental na Lisboa renascentista: marfim, prata e a representação do estatuto social; saleiro de marfim; aquamanil em forma de leopardo; têxteis da África Ocidental na Lisboa renascentista: descrições e padrões.
- Obras expostas (cats. 30 a 57)
IV.
Às compras na Rua Nova,
Annemarie Jordan Gschwend e Kate Lowe.
Garniture (conjunto de três potes e duas jarras em porcelana)
China, 1662-1722, dinastia Qing, período Kangxi
Coleção particular.
- “Fazer compras na Rua Nova dos Mercadores”, Annemarie Jordan Gschwend.
- Mesa de engonços; porcelana na Lisboa do Renascimento; prato; kendi; duas grandes garrafas; os têxteis asiáticos na Lisboa quinhentista; Meninos Jesus Bom Pastor deitados do Reino do Sião (Tailândia); Cristo crucificado; contador de capela; tabuleiros de jogo; cristal de rocha da Ásia portuguesa; cofres de madrepérola e massa negra; cofres de tartaruga; cofres de marfim; pequeno contador de duas portas; arquetas-escrivaninha do reino do Pegu (Birmânia); cofre; contador namban; taças; garniture.
- Obras expostas (cats. 58 a 165)
V.
Animais dos outros mundos
Annemarie Jordan Gschwend.
Rinoceronte, retrato do rinoceronte de D. Manuel I em 1515
A partir de Albrecht Durer, Antuérpia, 1550
Londres, The British Museum.
- “Animais globais: coleção e ostentação”, Annemarie Jordan Gschwend.
- Cruz processional de D. Catarina; manga ou canudo da farmácia.
- Obras expostas (cats. 166 a 205)
VI.
A casa de Simão de Melo
Hugo Miguel Crespo.
- Taças chinesas; prato covo, prato montado; joalharia entre a Ásia e a Europa; pingentes; pendente; tabuleiro de jogo desdobrável.
- Obras expostas (cats. 206 a 249)
English texts
Bibliografia
Apêndice documental
Pedro Pinto.
Referências
O livro e o catálogo da exposição:
GSCHWEND, Annemarie
Jordan e Kate K. J. P. Lowe, ed. (2015) The global city: on the streets of Renaissance Lisbon. London: Paul Holberton Publishing. – 240 p.; il. (28x24cm). – Ed. em capa dura,
nov. 2015, ISBN 978 1 907372 88 9.
Diversos artigos e notícias saídas em jornais e revistas,
Incluindo a polémica surgida entre historiadores na revista do Expresso,
ordenados cronologicamente.
- SOROMENHO, Ana – “Na rua global”, in E – A revista do Expresso [digital], 25.02.2017, p. 74.
- SERRÃO, Vítor – “Debate: Sobre as polémicas tábuas com trechos da Lisboa antiga”, in E – A revista do Expresso [digital], 25.02.2017, p. 54-56.
- CURTO, Diogo Ramada – “Debate: Três quadros falsos não dão um verdadeiro”, in E – A revista do Expresso [digital], 25.02.2017, p. 56-57.
- Impala News - Exposição “A Cidade Global” é inaugurada hoje no Museu de Arte Antiga, in Impala News: portal de notícias [digital], 25.02.2017.
- Polémica à volta da exposição "Cidade Global" é um "momento de silly season", in Rádio Renascença [digital], 24.02.2017.
- SANTOS, Cláudia Marques - 'A Cidade Global': Uma capital em modo de viragem, in Visão - Sete [digital], 24.02.2017.
- MNEtnologia - Objectos do MNE na exposição «A Cidade Global. Lisboa no Renascimento», no MNAA, in site do Museu Nacional de Etnologia, 24.02.2017.
- GONÇALVES, Rui - Lisboa no Renascimento. A cidade global?, in blogue A dignidade da diferença, 24.02.2017. - repoduz excerto de: Diogo Ramada Curto, historiador, in A Revista E, 18.02.2017.
- COSTA, Maria João - E se "Os Lusíadas" não tivessem sido escritos por Camões?, in Rádio Renascença [digital], 23.02.2017.
- PIMENTEL, Ana Maria - “Lisboa Global”. Uma polémica local?, in Expresso [digital], 23.02.2017.
- RTP, redação - Exposição "A Cidade Global" é inaugurada hoje no Museu de Arte Antiga, in RTP Notícias [digital], 23.02.2017.
- SANTOS, Lina - "Cidade Global", a exposição maldita é inaugurada hoje, in Diário de Notícias [digital], 23.02.2017.
- CANELAS, Lucinda e Sérgio C. Andrade - A Cidade Global é como um centro comercial do século XVI, in revista Ípsilon do Público [digital], 23.02.2017. - Fotogr. de Daniel Rocha.
- PEREIRA, Fernando Baptista - Fernando Baptista Pereira: “Os quadros não são falsos”, in n Expresso [digital], 23.02.2017.
- SOROMENHO, Ana - História de uma polémica na “Cidade Global” [ou aqui], in Expresso [digital], 23.02.2017.
- Exposição “A Cidade Global” tem obras “excecionais e credíveis”, in Observador [digital], 22.02.2017.
- HORTA, Bruno - Quadros falsos no MNAA? Sobre um há dúvidas, o outro “nem pensar”, in Observador [digital], 21.02.2017.
- DIAS, João Alves – “O Chafariz dos Cavalos” é falso ou não? O diabo está nos pormenores..., in Expresso Diário, 22.02.2017. – Infografia de Sofia Miguel Rosa.
- HORTA, Bruno - Quadros falsos no MNAA? Sobre um há dúvidas, o outro “nem pensar”, in Observador [digital], 21.02.2017.
- CRESPO, Hugo - Hugo Crespo: a autenticidade da Rua Nova é “indesmentível”, in Expresso Diário, 21.02.2017.
- CADETE, Miguel - Conservadores do Museu de Arte Antiga não se entendem, in Expresso [digital], 21.02.2017.
- CARITA, Alexandra - Ministro da Cultura já pediu exame laboratorial às “obras suspeitas”, in Expresso [digital], 21.02.2017.
- SAPO 24 - O quadro é verdadeiro ou falso? A polémica que está a preceder a nova exposição do MNAA, in Sapo 24 [digital], 20.02.2017.
- CIPRIANO, Rita - Na Lisboa renascentista cabia o mundo inteiro, in Observador [digital], 19.02.2017. - Com fotografias de Henrique Casinhas.
- CURTO, Diogo Ramada - Lisboa era uma cidade global?, in Expresso [digital], 21.02.2017. - Texto original publicado na revista E do Expresso, 18.02.2017.
- COSTA, Maria João - A Cidade Global - Lisboa no Renascimento, in Rádio Renascença [digital], 18.02.2017. - Contém entrevista ao diretor do MNAA, António Filipe Pimentel, e do CNC, Guilhermde d'Oliveira Martins.
- FRIAS, Alberto - Museu de Arte Antiga abre as portas a obras suspeitas, in Expresso [digital], 18.02.2017.
- Museu Nacional de Arte Antiga mostra “A Cidade Global", in Rádio Renascença [digital], 17.02.2017.
- SOL - Exposição "A Cidade Global" vai reconstituir o coração de Lisboa no Renascimento, in Sol Português / Portuguese Sun [digital], 10.02.2017.
- MORAIS, Nuno - A Cidade Global - Lisboa no Renascimento, in Antena1 [digital], 09.02.2017.
- "A Cidade Global. Lisboa no Renascimento." Museu Nacional de Arte Antiga, 24/02 a 09/04. - in agenda da CGD, 9.02.2017.
- Destak, redação - Exposição "A Cidade Global" vai reconstituir o coração de Lisboa no Renascimento, in Destak [digital], 7.02.2017.
- CANELAS, Lucinda - Um quadro cortado ao meio por outro pintor, animais empalhados e muito mais, in revista Ípsilon do Público [digital], 18.11.2016.
- SAPO 24 - O mistério do quadro renascentista em que se (re)descobriu Lisboa manuelina, in Sapo 24 [digital], 28.04.2016.
- FERREIRA, Nicolau – A quinta avenida do século XVI ficava em Lisboa, in revista Ípsilon do Público [digital], 10.12.2015. - Sobre o livro; v. exposição em 2017.
VÍDEO
sobre "Lisboa no Renascimento, a cidade global"
Através das duas pinturas datadas do século XVI que estiveram em exposição no Museu de Arte Antiga - “Vista da Rua Nova dos Mercadores” e “O Chafariz D´El Rei da Ribeira Velha - reconfiguramos o quotidiano dessa cidade global, uma Lisboa cosmopolita e multicultural, onde se cruzavam gentes vindas de toda a parte.
Fonte: "Literatura Aqui", extrato de Programa de Artes e Cultura - Reportagem, produzido por Até ao Fim do Mundo, 2017. - In: RTP Ensina.