2017/06/20
2017/06/19
Busto de Camões, em Toronto
Busto de Camões, em Toronto
Homenagem ao poeta na
"Luís de Camões Way", 8.06.2017, evento inserido nas
celebrações da Semana de Portugal em Toronto.
2017/06/14
Camões, poema de Miguel Torga
CAMÕES
Nem tenho versos, cedro desmedido,
Da pequena floresta portuguesa!
Nem tenho versos, de tão comovido
Que fico a olhar de longe tal grandeza.
Quem te pode cantar, depois do Canto
Que deste à pátria, que to não merece?
O sol da inspiração que acendo e que levanto,
Chega aos teus pés e como que arrefece.
Chamar-te génio é justo, mas é pouco.
Chamar-te herói, é dar-te um só poder.
Poeta dum império que era louco,
Foste louco a cantar e a louco a combater.
Sirva, pois, de poema este respeito
Que te devo e professo,
Única nau do sonho insatisfeito
Que não teve regresso!
Miguel Torga
In Poemas ibéricos,
1965.
MIGUEL TORGA
Pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha.
Nasceu a 12.08.1907, em São Martinho de Anta, Vila Real e
faleceu a 17.01.1995, em Coimbra.
Médico, colaborou na revista presença e
foi diretor das revistas Sinal e Manifesto.
Miguel Torga foi galardoado com o Prémio Luís de Camões, em 1989.
2017/06/13
2017/06/12
O Monstrengo, poema, in Mensagem de Fernando Pessoa
O MOSTRENGO
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tetos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo;
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
9.9.1918
Fernando Pessoa (1888-1935)
In: Mensagem. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934. - reprod. em Lisboa: Ática, 10.ª ed. 1972.
O poeta, poema celebrativo de Luís de Camões, por Carlos Drummond de Andrade
O POETA
Este, de sua vida e sua cruz
Uma canção eterna solta aos ares,
Luís de ouro vazando intensa luz
Por sobre as ondas altas dos vocábulos.
Carlos Drummond de Andrade
In: Colóquio/Letras, Lisboa, n.º 55 (maio 1980), p. 47.
Carlos Drummond de Andrade (1902–1987)
2017/06/11
FALA APÓCRIFA DE CAMÕES, soneto de David Mourão-Ferreira
FALA APÓCRIFA DE CAMÕES
É inútil buscarem o meu signo
procurarem-me em ruas ou retratos
sequer em grutas gritos manuscritos
muito menos em fósseis ou em falsas
pistas que de meus ossos não existem
É inútil julgarem-me comparsa
de quem quer que julgou viver comigo
já que em lugar algum terei passado
comigo mais que um prazo muito exíguo
mais ambíguo aliás e mais escasso
que o vivido com Bembo ou com Virgílio
com Petrarca Ariosto ou Garcilaso
Só estes os contei por meus amigos
E só de astros que tais rompe o meu rasto
David Mourão-Ferreira
In “No veio do cristal”, parte de Obra poética: 1948-1988.
Lisboa: Presença, 1988, p. 397.
CAMÕES E A TENÇA, poema por Sophia
CAMÕES E A TENÇA
Seja paga na data combinada
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce
Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou seu ser inteiramente
E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto
Irás ao Paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência
Este país te mata lentamente
Sophia de Mello Breyner Andresen
In: Dual [VI – Em Memória]. Lisboa: Moraes, 1972; reprod. em
Obra Poética III. Lisboa: Caminho, 1991, p. 162.
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
Fotografada por Fernando Lemos, no jardim
da casa da Travessa das Mónicas (bairro da Graça, Lisboa), anos 50.
A CAMÕES, COMPARANDO COM OS DELE OS SEUS PRÓPRIOS INFORTÚNIOS, soneto de Bocage
A CAMÕES, COMPARANDO COM OS DELE OS SEUS PRÓPRIOS INFORTÚNIOS
Camões, grande Camões,
quão semelhante
Acho teu fado ao meu,
quando os cotejo!
Igual causa nos fez
perdendo o Tejo
Arrostar co sacrílego
gigante:
Como tu, junto ao Ganges
sussurrante,
Da penúria cruel no
horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que
em vão desejo,
Também carpindo estou,
saudoso amante:
Ludíbrio, como tu, da sorte
dura,
Meu fim demando ao Céu,
pela certeza
De que só terei paz na
sepultura:
Modelo meu tu és... Mas,
oh tristeza!...
Se te imito nos transes
da ventura,
Não te imito nos dons da
natureza.
Bocage
In: Sonetos. 4.ª ed., Mem Martins: Europa-América, 1999, p. 101.
Manuel Maria Barbosa do Bocage (1765-1805)
A Camões, poema-homenagem por Manuel Bandeira
A CAMÕES
Quando n’alma pesar de tua raça
a névoa da apagada e vil tristeza,busque ela sempre a glória que não passa,
em teu poema de heroísmo e de beleza.
Gênio purificado na desgraça,
tu resumiste em ti toda a grandeza:
poeta e soldado... Em ti brilhou sem jaça
o amor da grande pátria portuguesa.
E enquanto o fero canto ecoar na mente
da estirpe que em perigos sublimados
plantou a cruz em cada continente,
não morrerá sem poetas nem soldados
a língua em que cantaste rudemente
as armas e os barões assinalados.
Manuel Bandeira
In A cinza das horas. Rio de Janeiro, 1917.
Manuel Bandeira (1886-1968)
nasceu no Recife em 1886 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1968.
Foi crítico literário e de arte, tradutor, professor de literatura e escritor.
Autor, entre outros, dos livros de poesia A cinza das horas (1917) e Libertinagem (1930).
2017/06/10
O Dia de Camões bem celebrado pela Livraria Lello
Hoje é dia de Camões
10 JUN. 2017
"Hoje é dia de Camões porque
foi a 10 de junho que o autor de "Os Lusíadas" morreu.
Queremos que, pelo menos, alguns nomes não passem despercebidos
às pessoas que entram na Livraria Lello, independentemente do seu país de origem,
e o do maior poeta português é um deles.
É importante continuar a ler e valorizar o enorme trabalho de Luís de Camões."
Na imagem:
Nuno Meireles | Dia da Poesia, 21 de março de 2016.
Nuno Meireles | Páscoa, março de 2016.
Rui Jorge Oliveira | Dia de Portugal, 10 de junho de 2016.
Rui Oliveira | Feira do Livro do Porto, setembro de 2016.
Rui Oliveira | 111º Aniversário, 13 de janeiro de 2017.
IGraffiti de Frederico Draw | Janeiro de 2017.
Lourenço Guedes da equipa da Livraria Lello | Carnaval, 28 de fevereiro de 2017.
João Sá | Dia de Portugal, 10 de junho de 2017.
Fonte do texto e da Imagem:
Seminário de Estudos Camonianos, por Luiz Fagundes Duarte
MESTRADO EM ESTUDOS PORTUGUESES
Seminário de Estudos Camonianos
2016-2017 – 2.º
Semestre
Luiz Fagundes Duarte
O Seminário Camões é
uma unidade curricular de cariz interdisciplinar totalmente dedicada a Camões,
à sua obra e ao seu tempo. Para tal, combinará diversos tópicos de estudo e
investigação, com recurso a especialistas: contextos (histórico, literário,
científico, político, religioso); precursores (clássicos, europeus e
portugueses); influências posteriores; crítica; e filologia.
As aulas combinarão a análise literária e histórica,
estudando cada poema ou o teatro camoniano como uma obra de arte histórica, um
texto trans-histórico, e um guião para a criatividade contemporânea. O
objectivo final é ajudar os apreciadores de Camões a explorar as mais ricas e
profundas expressões da experiência humana jamais encontradas na Literatura
Portuguesa.
Entre Junho e Setembro, os estudantes escreverão uma
monografia sobre um tema do programa.
Programa
1. O tempo de Camões. Camões no seu tempo.
2. Problemáticas filológicas do cânone camoniano.
3. A obra camoniana:
3.1.Poesia Lírica: códigos, temas e formas poéticas dominantes.
3.2.Poesia Épica: a epopeia no Renascimento europeu;
3.2.1. Os Lusíadas:
3.2.2. Os modelos;
3.2.3. Organização estrutural do poema;
3.2.4. O lírico articulado com o épico;
3.2.5. Os mitos e os símbolos.
3.3. Teatro: os autos camonianos e a tradição dramática
ibérica:
3.3.1. Temas e personagens;
3.3.2. Organização estrutural.
4. A obra camoniana como síntese de conhecimento.
5. Contributo de Camões para a nossa história cultural.
Bibliografia
Obras de Luís de Camões:
Lírica Completa (ed. Maria de Lurdes Saraiva). Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda,
Vol. I, 2.ª edição, 1986; Vol. II, 2.ª edição revista, 1994; Vol. III. 2.ª
edição revista e aumentada, 2002.
Os Lusíadas (ed. A. J. Costa Pimpão). Lisboa:
Instituto Camões, 2000. [Edição fac-similada 1572 http://purl.pt/1]
Teatro Completo (ed. Vanda Anastácio). Porto: Caixotim Edições, 2005.
Bibliografia Crítica:
André, Carlos Ascenso (2008). O Poeta no Miradouro do Mundo. Coimbra: Centro Interuniversitário
de Estudos Camonianos.
Lopes, Óscar (1969). “Camões e Mendes Pinto”, in Ler e Depois. Crítica e Interpretação Literária, 1. Porto:
Editorial Inova, 1970, pp. 132-140.
Marnoto, Rita (2007). Sete
Ensaios Camonianos. Coimbra: Centro Interuniversitário de Estudos
Camonianos.
Pereira, Maria Helena da Rocha (2007). Camoniana Varia. Coimbra: Centro Interuniversitário de Estudos
Camonianos.
Saraiva, António José (1946). “ ‘Os Lusíadas’ e o ideal renascentista da epopeia”,
in Para a História da Cultura em Portugal,
I. Lisboa: Publicações Europa-América, 1969, pp 89-179.
Saraiva, António José (1961). “Luís de Camões”, in Para a História da Cultura em Portugal, II. Lisboa: Livraria
Bertrand, 1979, pp. 115-145.
Saraiva, António José (1962). Luís de
Camões. Estudo e Antologia. Lisboa: Publicações Europa-América, 1980.
Sena, Jorge de (1962). “O Fantasma de Camões. Uma entrevista sensacional”, in O Reino da Estupidez, II. Lisboa: Moraes
Editores, 1978, pp. 61-66.
Sena, Jorge de (1973a). “Estudo tipológico de um soneto de Camões”, in Dialécticas Teóricas da Literatura.
Lisboa: Edições 70, pp. 77-106.
Sena, Jorge de (1973b). “Sobre a dualidade fundamental dos períodos
literários”, in Dialécticas Teóricas da
Literatura. Lisboa: Edições 70, pp. 185-202.
Silva, Luciano Pereira da (1915). A
Astronomia de ‘Os Lusíadas’. Lisboa:
Junta de Investigações do Ultramar, 1972.
Silva, Vítor Aguiar e
(1994; 1999). Camões: Labirintos e
Fascínios. Lisboa: Livros Cotovia.
Silva, Vítor Aguiar e
(2008). A Lira Dourada e a Tuba Canora.
Lisboa: Livros Cotovia.
Silva, Vítor Aguiar e (2011) (Coord.). Dicionário de Luís de Camões. Lisboa: Editorial
Caminho.
Leituras complementares:
Homero. Ilíada (trad. Frederico
Lourenço). Lisboa: Livros Cotovia, 2005.
Homero. Odisseia (trad. Frederico
Lourenço). Lisboa: Livros Cotovia, 2003.
Vergílio. Eneida (trad. Luís M. G. Cerqueira, Cristina Abranches Guerreiro e
Ana Alexandra Tibúrcio L. Alves). Lisboa:
Bertrand Editora, 2011.
Dante Alighieri. Vita Nova (ed. Luca Carlo
Rossi). Milano: Arnoldo Mondadori Editore, 1999. Vida Nova (trad. Carlos Eduardo Soveral). Lisboa: Guimarães
Editores, 1993 (3.ª ed.).
Petrarca, Francesco. Canzoniere (ed.
Sabrina Stroppa). Torino: Einaudi, 2011.
Garrett, Almeida (1825). Camões,
Poema. Paris: Livraria Nacional e Estrangeira. Lisboa: A Bela e o Monstro,
Edições, 2014 (edição fac-similada da primeira edição).
Bibliografia de Apoio:
Carvalho, Amorim de (1941). Tratado de
Versificação Portuguesa. Lisboa: Edições 70, 1974.
Coelho, Jacinto do Prado (1960) (Dir.). Dicionário de Literatura. Literatura Portuguesa,
Literatura Brasileira, Literatura Galega, Estilística Literária. Porto:
Livraria Figueirinhas, 1983.
Cunha, Celso (1963). Língua e Verso.
Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1984 (3.ª ed.)
Cunha, Celso; Cintra, Lindley (1984). Nova Gramática do
Português Contemporâneo. Lisboa: Edições João Sá da Costa.
Saraiva, António José; Lopes, Óscar (1950). História da
Literatura Portuguesa. Porto: Porto Editora (16.ª edição, corrigida e
actualizada).
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