Cronobiografia de Manuel de Faria e Sousa
(um esboço)
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Busto de Manuel Faria e Sousa
In: John Adamson – Lusitania
illustrada, 1842-46[1].
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Introdução
1. Nascimento e educação
2. Casamento e descendência
3. Madrid I
4. Regresso a Portugal
5. Roma
6. Madrid II
7. Em memória do escritor
Introdução
Manuel de Faria e Sousa, 1590-1649.
Historiador, moralista, poeta, filólogo, tradutor, crítico, desenhador e
calígrafo português.
1. Nascimento e educação (1490-1519 = 28 anos)
1590
Manuel de Faria
e Sousa nasceu a 18 de março de 1590, na Quinta do Souto, Pombeiro, em
Felgueiras.
Era
filho de Amador Peres de Eiró, fidalgo da Casa Real, e de D. Luísa de Faria,
neta do senhor de Valmelhorado.
Foi
batizado na Igreja do Mosteiro Beneditino de Pombeiro.
Descende de uma
família ilustre da velha aristocracia portuguesa, conforme as notas do
Nobiliário do Conde D. Pedro:
“os Farias teriam tido origem num Fernandes
Pires de Faria, alcaide-mor de Miranda, em tempos de D. Afonso III, ou, mais seguramente, num seu filho, Nuno Gonçalves de Faria. A este
veio a suceder na sua casa um filho segundo, Álvares Gonçalves de Faria, que
foi pai de João Álvares de Faria, combatente de Aljubarrota, a quem de facto Fernão Lopes menciona. Casado este, teve pelo menos dois filhos, Álvaro de
Faria (comendador
de Avis) e Afonso Anes de Faria.”
Este foi
antepassado de Estácio de Faria, o qual “serviu
nas armadas com o governador da Índia Diogo Lopes
de Sequeira, teve ofício
na fazenda do Brasil, foi douto em letras, “gastou mais que juntou”, e teve
vários filhos. De sua mulher Francisca Ribeira, dos Senhores do Couto do Pombeiro (Pombeiros de Ribavizela) teve Dona Luísa de Faria,
sua mãe, casada com seu Pai, Amador Pires de
Eiró, Senhor da Quinta da Caravela “e mestre de seus filhos”, de Manuel de
Faria e Sousa”[2].
1600 – estudos
Vai estudar para Braga ou
Refojos de Basto.
Aos 10 anos foi estudar
Humanidades nos seminários de Braga para seguir a carreira eclesiástica,
mas acabou por recusar esse caminho, casando e constituindo família.
1604
Em 1604, entrou ao serviço como
secretário do Arcebispo do
Porto, D. Francisco Gonçalo de Morais, seu parente.
D. Manuel de Faria e Sousa, aos
catorze anos entrou ao serviço de um amigo do seu pai, D. Gonçalo de Morais, Bispo do
Porto, frequentando a escola episcopal, onde aprendeu História,
Artes, Literatura, etc.
Aí escreveu
poemas muito apreciados e se relacionou com figuras elevadas da época.
2. Casamento e descendência
1614
Casa [aos 23 anos] com D.
Catarina de Machado, “filha de Pedro
Machado, contador da Chancelaria do Porto, e de Catarina Lopes de Herrera, que
o genro declara sepultada na Sé daquela cidade, e teve entre outros filhos a
Pedro de Faria e Sousa, capitão da infantaria espanhola, na Flandres, que em
Madrid casou com Dona Luísa de Nárvaez”[3], da
primeira nobreza espanhola, dos Condes de Rojas.
Após a morte do
pai em Madrid, este seu filho veio logo para Portugal onde “foi muito bem recebido por D. João IV, e viria a ser o preparador, para publicação, de grande parte da
enorme massa de inéditos do eminente polígrafo.”[4]
Teve vasta
descendência: famílias Botelhos de Morais Sarmento (Conde de Armamar
e Guarda-Mores do Sal de Setúbal);
Vasconcelos e Sá; Cabrais (de Évora); Condes da Ervideira, Picão
Caldeira, etc., estando a sua representação genealógica e chefia na família
Botelho de Moraes Sarmento.
1618
Quando tem 27 anos, morre-lhe o
seu padrinho [D. Gonçalo de Morais, Bispo do Porto]
e tem que regressar a Pombeiro.
Na Quinta da Caravela, vive com
a mulher e dois filhos.
3. Madrid I (1619-28 = 9 anos)
1619
Um ano mais tarde, em 1619, parte para
Madrid como secretário particular do Conde de Muge, Pedro Álvares Pereira,
secretário do Conselho de Estado de Filipe II de Portugal para os negócios de
Portugal.
Aprende rapidamente o
castelhano e, passados três anos, publica poesia nesta língua.
1623
É impressa a sua primeira obra – Muerte de Jesus y llanto de Maria, em
Madrid.
1628
Depois da morte do Conde Muge, seu protetor e para quem
trabalhava como secretário particular, Manuel Faria e Sousa regressa à pátria.
4. Regresso a Portugal (1628-31 = 3 anos)
Regressando a
Portugal, estabeleceu-se
em Lisboa, onde permaneceu entre os anos de 1628 e finais de 1631
1630
Visita Pombeiro
pela última vez.
5. Roma (1631-34 = 3 anos)
1631
Em outubro de 1631, parte com a sua família
para Roma, para
assumir o cargo de secretário do embaixador Português no Vaticano, o marquês de
Castelo-Rodrigo.
1633
A 14 de setembro, é recebido em
audiência pelo papa Urbano VIII.
6. Madrid II (1634-49 = 15 anos)
1633-1634
Em 1634 regressa a Madrid. É preso durante três
meses.
1640
Após a Restauração da Independência de Portugal, decide não
regressar à pátria por motivos ainda não inteiramente esclarecidos, talvez para
que pudesse funcionar como informador da coroa portuguesa sobre as ações de
Madrid.
1647
Manuel de Faria e Sousa adoece.
1649
Faleceu a 3 de junho de 1649, na
casa do marquês de Montebelo e a 4 de junho é sepultado no antigo Mosteiro
Premonstratense de Madrid.
7. Em memória do escritor
1651
O rei D. João IV concede a Pedro de Faria e
Sousa, filho de Manuel de Faria e Sousa, uma tença de 50 mil réis.
1660
A 6 de setembro de 1660, os seus
restos mortais foram transladadas para o Mosteiro de Pombeiro, onde repousam
sob uma laje à direita do altar-mor.
[1] - Retrato inserto entre as páginas 36 e 37 [pp. 55-56 da versão digital da
BN] em: ADAMSON, John [1787-1851] Lusitania illustrada: notices on the history,
antiquities, literature, &c. of Portugal. Newcastle Upon Tyne: printed by T. and Hodgson, 1842-1846. – Na primeira parte, em que são apresentados sonetos selecionados de
cada autor e o respetivo esboço biográfico, Manuel
de Faria e Sousa, poeta, é tratado entre as pp. 36-42 [55-64 digitais], com
tradução em língua inglesa de um dos seus sonetos portugueses, versão original
igualmente apresentada. – BNP: endereço WWW: http://purl.pt/23390.
[2] - V. Jorge de Sena (1980) Trinta anos de Camões. Lisboa: Ed. 70.
[3] - V. Jorge de
Sena 1980.
[4] - V. Jorge de
Sena 1980.