1973/03/18

Manuel de Faria e Sousa, o grande comentador da obra camoniana


Cronobiografia de Manuel de Faria e Sousa

(um esboço)




















Busto de Manuel Faria e Sousa
In: John Adamson – Lusitania illustrada, 1842-46[1].



Introdução
1. Nascimento e educação
2. Casamento e descendência
3. Madrid I
4. Regresso a Portugal
5. Roma
6. Madrid II
7. Em memória do escritor


Introdução

Manuel de Faria e Sousa, 1590-1649.
Historiador, moralista, poeta, filólogo, tradutor, crítico, desenhador e calígrafo português.


1. Nascimento e educação (1490-1519 = 28 anos)

1590

Manuel de Faria e Sousa nasceu a 18 de março de 1590, na Quinta do Souto, Pombeiro, em Felgueiras.
Era filho de Amador Peres de Eiró, fidalgo da Casa Real, e de D. Luísa de Faria, neta do senhor de Valmelhorado.
Foi batizado na Igreja do Mosteiro Beneditino de Pombeiro.
Descende de uma família ilustre da velha aristocracia portuguesa, conforme as notas do Nobiliário do Conde D. Pedro:
“os Farias teriam tido origem num Fernandes Pires de Faria, alcaide-mor de Miranda, em tempos de D. Afonso III, ou, mais seguramente, num seu filho, Nuno Gonçalves de Faria. A este veio a suceder na sua casa um filho segundo, Álvares Gonçalves de Faria, que foi pai de João Álvares de Faria, combatente de Aljubarrota, a quem de facto Fernão Lopes menciona. Casado este, teve pelo menos dois filhos, Álvaro de Faria (comendador de Avis) e Afonso Anes de Faria.”

Este foi antepassado de Estácio de Faria, o qual “serviu nas armadas com o governador da Índia Diogo Lopes de Sequeira, teve ofício na fazenda do Brasil, foi douto em letras, “gastou mais que juntou”, e teve vários filhos. De sua mulher Francisca Ribeira, dos Senhores do Couto do Pombeiro (Pombeiros de Ribavizela) teve Dona Luísa de Faria, sua mãe, casada com seu Pai, Amador Pires de Eiró, Senhor da Quinta da Caravela “e mestre de seus filhos”, de Manuel de Faria e Sousa”[2].

1600 – estudos

Vai estudar para Braga ou Refojos de Basto.
Aos 10 anos foi estudar Humanidades nos seminários de Braga para seguir a carreira eclesiástica, mas acabou por recusar esse caminho, casando e constituindo família.

1604

Em 1604, entrou ao serviço como secretário do Arcebispo do Porto, D. Francisco Gonçalo de Morais, seu parente.
D. Manuel de Faria e Sousa, aos catorze anos entrou ao serviço de um amigo do seu pai, D. Gonçalo de Morais, Bispo do Porto, frequentando a escola episcopal, onde aprendeu História, Artes, Literatura, etc.
Aí escreveu poemas muito apreciados e se relacionou com figuras elevadas da época.

2. Casamento e descendência

1614

Casa [aos 23 anos] com D. Catarina de Machado, “filha de Pedro Machado, contador da Chancelaria do Porto, e de Catarina Lopes de Herrera, que o genro declara sepultada na Sé daquela cidade, e teve entre outros filhos a Pedro de Faria e Sousa, capitão da infantaria espanhola, na Flandres, que em Madrid casou com Dona Luísa de Nárvaez”[3], da primeira nobreza espanhola, dos Condes de Rojas.
Após a morte do pai em Madrid, este seu filho veio logo para Portugal onde “foi muito bem recebido por D. João IV, e viria a ser o preparador, para publicação, de grande parte da enorme massa de inéditos do eminente polígrafo.”[4]
Teve vasta descendência: famílias Botelhos de Morais Sarmento (Conde de Armamar e Guarda-Mores do Sal de Setúbal);  Vasconcelos e Sá; Cabrais (de Évora); Condes da Ervideira, Picão Caldeira, etc., estando a sua representação genealógica e chefia na família Botelho de Moraes Sarmento.

1618

Quando tem 27 anos, morre-lhe o seu padrinho [D. Gonçalo de Morais, Bispo do Porto] e tem que regressar a Pombeiro.
Na Quinta da Caravela, vive com a mulher e dois filhos.

3. Madrid I (1619-28 = 9 anos)

1619

Um ano mais tarde, em 1619, parte para Madrid como secretário particular do Conde de Muge, Pedro Álvares Pereira, secretário do Conselho de Estado de Filipe II de Portugal para os negócios de Portugal.
Aprende rapidamente o castelhano e, passados três anos, publica poesia nesta língua.

1623

É impressa a sua primeira obra – Muerte de Jesus y llanto de Maria, em Madrid.

1628

Depois da morte do Conde Muge, seu protetor e para quem trabalhava como secretário particular, Manuel Faria e Sousa regressa à pátria.

4. Regresso a Portugal (1628-31 = 3 anos)

Regressando a Portugal, estabeleceu-se em Lisboa, onde permaneceu entre os anos de 1628 e finais de 1631

1630

Visita Pombeiro pela última vez.

5. Roma (1631-34 = 3 anos)

1631

Em outubro de 1631, parte com a sua família para Roma, para assumir o cargo de secretário do embaixador Português no Vaticano, o marquês de Castelo-Rodrigo. 

1633

A 14 de setembro, é recebido em audiência pelo papa Urbano VIII.

6. Madrid II (1634-49 = 15 anos)

1633-1634

Em 1634 regressa a Madrid. É preso durante três meses.

1640

Após a Restauração da Independência de Portugal, decide não regressar à pátria por motivos ainda não inteiramente esclarecidos, talvez para que pudesse funcionar como informador da coroa portuguesa sobre as ações de Madrid.

1647

Manuel de Faria e Sousa adoece.

1649

Faleceu a 3 de junho de 1649, na casa do marquês de Montebelo e a 4 de junho é sepultado no antigo Mosteiro Premonstratense de Madrid.

7. Em memória do escritor

1651

O rei D. João IV concede a Pedro de Faria e Sousa, filho de Manuel de Faria e Sousa, uma tença de 50 mil réis.

1660

A 6 de setembro de 1660, os seus restos mortais foram transladadas para o Mosteiro de Pombeiro, onde repousam sob uma laje à direita do altar-mor.




[1] - Retrato inserto entre as páginas 36 e 37 [pp. 55-56 da versão digital da BN] em: ADAMSON, John [1787-1851] Lusitania illustrada: notices on the history, antiquities, literature, &c. of PortugalNewcastle Upon Tyne: printed by T. and Hodgson, 1842-1846. – Na primeira parte, em que são apresentados sonetos selecionados de cada autor e o respetivo esboço biográfico, Manuel de Faria e Sousa, poeta, é tratado entre as pp. 36-42 [55-64 digitais], com tradução em língua inglesa de um dos seus sonetos portugueses, versão original igualmente apresentada. – BNP: endereço WWW: http://purl.pt/23390.
[2] - V. Jorge de Sena (1980) Trinta anos de Camões. Lisboa: Ed. 70.
[3] - V. Jorge de Sena 1980.
[4] - V. Jorge de Sena 1980.