2020/12/13

CAMONISTA – Carolina Michaëlis de Vasconcelos

















Carolina Michaëlis de Vasconcellos, 1851-1925.

Camonista, lusitanista, romanista, filóloga e professora.




Carolina Wilhelma Michaëlis de Vasconcelos nasceu em Berlim, a 15 de março de 1851 e faleceu a 16 de novembro de 1925, na cidade do Porto.

Foi uma professora, investigadora e ensaísta nos domínios da filologia, da história literária, dos estudos camonianos, da etnografia e da pedagogia.

Foi a primeira mulher a lecionar numa universidade portuguesa, em Coimbra, e uma das duas primeiras a entrar na Academia das Ciências. Aprofundou as relações literárias luso-germânicas.

Na sequência de uma polémica literária, estabelece uma intensa correspondência com Joaquim de Vasconcelos, com o qual casa em 1876, fixando residência no Porto.

Também abundante foi a sua correspondência com outros romanistas, tal como a constantemente alimentada com o seu conterrâneo Wilhelm Storck (1829-1905), biógrafo, editor e tradutor para alemão da obra camoniana, e Teófilo Braga (1843-1924) que, para além de ter editado as obras completas de Camões, se destacou como promotor das comemorações do tricentenário da morte do Poeta, cujos textos desse período foram reunidos em Camões e o Sentimento Nacional (1891). Recentemente, foi editada a sua Correspondência (2019), com o médico Ricardo Jorge (1858-1939) que colaborou na “revista de estudos portugueses” Lusitânia (1924-25) dirigida por Carolina Michaëlis. Do núcleo editorial faziam ainda parte alguns camonistas como Afonso Lopes Vieira (1878-1946), Agostinho de Campos (1870-1944) e, assegurando também o secretariado da redação, Afonso Lopes Vieira (1878-1946).

Os seus comentários críticos às obras da edição impressa camoniana – de Soropita, Faria e Sousa, Juromenha, Teófilo Braga e Storck, mas também da “tradição” manuscrita – destacando-se os seus estudos do Cancioneiro Fernandes Tomás (1922) e do Cancioneiro do Padre Pedro Ribeiro (1924) – orientam-se constantemente pela procura de esclarecimento e fixação do cânone das Rimas, quer em termos autorais (o que é ou não é de Camões) quer textuais (a partir das variantes impressas e das lições dos manuscritos). O rigor que sempre coloca no estudo dos textos da lírica camoniana, descobrindo autênticos, mas sobretudo sinalizando apócrifos, conduzem-na quase ao estabelecimento de um ideal “índice expurgatório” (expressão de um título de um seu estudo, de 1889).

É apreciável e extensa a sua produção nas áreas camoniana, vicentina, mirandina, da romanística e da lírica trovadoresca, ou seja, todos os seus contributos para o conhecimento da literatura medieval e clássica portuguesas.


CAMONIANA


 
  • (1897) Vida e obras de Luís de Camões: primeira parte / Wilhelm Storck; versão do original alemão anotada por Carolina Michaellis de Vasconcelos. Lisboa: Academia Real das Ciências. – BNP, cotas: CAM. 98 A. ; CAM 99 A. / 2.ª ed., Lisboa: INCM, 1980. / 3.ª ed., “Trad. e notas [...], Lisboa: Bonecos Rebeldes, 2011.
  • (1905-1908) Os Lusíadas. Pref. e ed. de “C. M. de V”. – Strasbourg: J. H. Ed. Heitz. –. 4 vols.: vol. 1, Canto I-II; vol. 2, Canto III-IV; vol. 3, Canto V-VII; vol. 4, Canto VIII-X. – [Bibliotheca Romanica : Bibliotheca Portugueza, 10, 25, 45, 51, 52).
  • (1922) Estudos camonianos I: o Cancioneiro Fernandes Tomás: índices, nótulas e textos inéditos. Coimbra : Impren. da Universidade. – [IX, 173 p. (21cm)]. – Reprod. em Estudos camonianos : I o cancioneiro Fernandes Tomás : II o cancioneiro do P.e Pedro Ribeiro. Lisboa: INCM, 1980.
  • (1924) Estudos Camonianos II: o Cancioneiro do Padre Pedro Ribeiro. Coimbra: Imprensa da Universidade. – [129 p. xx]. – Reprod. em Estudos camonianos : I o cancioneiro Fernandes Tomás : II o cancioneiro do P.e Pedro Ribeiro. Lisboa: INCM, 1980.








Estudos Camonianos III: Dispersos: originais portugueses

Lisboa: Revista ‘Ocidente’, 1972.

– Na BN Digital: http://purl.pt/30175 






– Vol. constituído pela reunião de 12 textos sobre Camões publicados anteriormente. A sua enumeração está de acordo com a ordenação dada pelo editor póstumo na coletânea dos dispersos e que corresponde à cronologia da sua publicação pela autora.
  1. (1882) O texto das Rimas de Camões e os apócrifos [título original: “Poesias apocryphas, attribuidas a Camões”], Revista da Sociedade de Instrução do Porto, II, 105-125, Porto, Tipografia Ocidental. – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, p. 7-24.
  2. (1889) Contribuições para a Bibliografia Camoniana, revista Círculo Camoniano, vol. I, Porto, p. 19-25 (junho), 58-59 (julho), 69-71 (agosto), 165-167 (novembro). – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, p. 25-36.
  3. (1889) Materiais para um índice expurgatório da lírica camoniana [Ortografia original: “Materiaes para um índice xpurgatório da Lyrica Camoniana”], revista Círculo Camoniano, vol. I, Porto, p. 30-32 (Junho). – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, p. 37-38.
  4. (1989) “Sete anos de pastor Jacob servia” [Ortografia original: “’Sette annos de pastor Jacob servia’: soneto de Camões”], revista Círculo Camoniano, vol. I, Porto, p. 149-159 (outubro) – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, p. 39-46.
  5. (1890) Notas camonianas, revista Círculo Camoniano, vol. I, Porto, p. 199-205 (dezembro). – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, p. 47-51.
  6. (1890) Justa fué mi perdicion, revista Círculo Camoniano, vol. I, Porto, p. 293-299 (março). – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, p. 53-57.
  7. (1890) Primeiros anos de Camões [sobre: Luis de Camoens Lében, 1890, de W. Storck], revista Círculo Camoniano, vol. I, Porto, fascículo 12 (maio), p. 373-383. – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, p. 58-65.
  8. (1901) Notas camonianas. – Da Homenagem a Luís de Camões no primeiro ano do século XX, Porto: Tipografia Universal (a vapor), p. 26-48. – [“Esta Homenagem encerra os tributos, em prosa e em verso, apresentados na Sessão comemorativa do «dia 10 de Junho de 1901, no salão do Centro Comercial do Porto, promovida pela Sociedade Nacional Camoniana, de acordo com o Instituto de Estudos e Conferências, para solenizar o 321.° aniversário do passamento de Luís de Camões, no primeiro ano do século XX”]. – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, 66-82.
  9. (1905) “Os Lusíadas” [título do prefácio], in Obras de Luís de Camões, OS LUSÍADAS. – Col. Bibliotheca Romanica, 10. Bibliotheca Portugueza. – Estrasburgo: J. H. Ed. Heitz. – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, p. 83-97. – O editor de 1972 acrescentou uma “Observação final”, datada de “Porto, Janeiro de 1908”, publicada originalmente por Carolina Michaelis em: Obras de Luís de Camões, OS LUSÍADAS VIII, IX, X. – Col. Bibliotheca Romanica, 51, 52. Bibliotheca Portugueza. – Estrasburgo: J. H. Ed. Heitz. – Reprod. ibidem, p. 97.
  10. (1819) O vilancete de Camões à senhora dos olhos gonçalves [ortografia original: O vilancete de Camões – à senhora dos olhos-gonçalves], Boletim da Segunda Classe, vol. XII, da Academia das Ciências de Lisboa, Coimbra: Imprensa da Universidade, p. 7-26. – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, 98-111.
  11. (1924) Camões enamorado, Diário de Lisboa, n.º 866, 4.02.1924, p. 1. – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, p. 112.
  12. (1925) Nótula histórico-literária [sobre as celebrações camonianas em Viena da Áustria e as relações literárias luso-germânicas], Biblos, vol. I (1925), 365-366. – Reprod. em Estudos Camonianos III, Lisboa: Revista Ocidente. 1972, p. 113.