2021/09/18

CAMONISTA - Maria do Céu Fraga







Maria do Céu Fraga
n. 1958
Professora, investigadora, camonista, sousiana



Maria do Céu Amaral Fortes de Fraga Amaral nasceu em 1958.

É doutorada em Literatura Portuguesa Clássica com a tese Os géneros maiores na poesia lírica de Camões (2003).

É Professora associada na área da  Literatura: Estudos Literários  da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade dos Açores, instituição em que tem desenvolvido a sua carreira; é atualmente diretora do CEHu – Centro de Estudos Humanísticos, na mesma Universidade, e membro do Centro de Estudos Portugueses, na Universidade de Coimbra. 

A sua investigação centra-se na literatura portuguesa clássica (séculos XVI e XVII) e privilegia os Estudos Camonianos, área do seu doutoramento, mas abrangendo também outros temas e autores da época, nos domínios da teoria literária (bucolismo, géneros literários), da história literária e do ensino da literatura.

É autora de vários entradas no Dicionário de Luís de Camões (2011) e de livros sobre a obra camoniana: Camões: um bucolismo intranquilo (1989), Os géneros maiores na poesia lírica de Camões (2003) e Babel e Sião: um manuscrito da Camoniana de D. Manuel II (2021). Este último estudo reconcentra o seu interesse pela lírica camoniana, mas evidencia igualmente um dos seus temas e áreas de investigação eleitos: Manuel de Faria e Sousa como comentador; a vida e a obra desta figura extraordinária. A sua obra avulsa ganhava em ser reunida numa ou duas coletâneas para melhor acessibilidade de conjunto para o leitor.

"Conhecedora profunda, por amor e graças a honesto estudo, da poesia camoniana, Maria do Céu Fraga domina com segurança os instrumentos da história literária, da literatura comparada e da teoria literária com que construiu a sua obra, demonstrando um espírito de rigor, uma capacidade analítica, um sentido do equilíbrio e uma sobriedade discursiva que a assinalam como investigadora exemplar." - In: Livaria Almedina online.

 



Camoniana

  • (1988) Camões: um bucolismo intranquilo. – trabalho de síntese para prestação de provas de aptidão pedagógica e capacidade científica apresentado à Univ dos Açores. Ponta Delgada: Univ. dos Açores.



Camões: um bucolismo intranquilo 

Coimbra: Almedina, 1989. 


Recensão crítica: 

Earle, T F. (1994) Maria do Céu Fraga, Camões: um bucolismo intranquilo, in Bulletin of Hispanic Studies, Liverpool, Vol. 71, n.º 1  (Jan 1, 1994), 110.



  • (1990) “Muerome de imbidia!”: Faria e Sousa e a interpretação das Rimas várias, in Arquipélago: Línguas e Literaturas, 11 (1990), p. 47-66.
  • (1996) “A corrosão do idílico nas éclogas de Camões”, in AA.VV – Lírica Camoniana: estudos diversos. Constância: CIEC da Associação Casa¬-Memória de Camões em Constância / Lisboa: Cosmos, 65-86.
  • (1996) “Sá de Miranda e os poetas do Círculo Mirandino”, in Arquipélago: Línguas e Literaturas, XIV (1994¬-96), 85¬-95.
  • (1997) Os géneros maiores na poesia lírica de Camões – tese de doutoramento. Ponta Delgada: Univ. dos Açores, 1997.
  • (2000) A poesia de definição e de catálogo na poesia de Camões, in Arquipélago  Línguas e Literaturas, vol. XVI (1999¬-2000), 229¬-247.
  • (2000) José do Canto: o fascínio de Camões, in AA.VV – José do Canto no Centenário da Sua Morte. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 169-184.
  • (2000) Para uma didática/pedagogia renovada de Os Lusíadas, in AA.VV – Didáctica da Língua e Literatura. Coimbra: Almedina, vol. II, 999-1006.
  • (2003) O Pranto de Maria Parda: o siso dos filhos de Noé, in Ensaios Vicentinos. Coimbra: A Escola da Noite, 151¬-167.





Os géneros maiores na poesia lírica de Camões

Coimbra: CIEC / Acta Universitatis Conimbrigensis, 2003.







  • (2004) Camões – entre os Antigos e os Modernos, in Carlos Mendes de Sousa e Rita Patrício, orgs., Largo Mundo Alumiado: estudos em homenagem a Vítor Aguiar e Silva. Brag: Univ. do Minho, vol. II, 785-795.
  • (2004) Professor José de Almeida Pavão, Revista Camoniana. – Revista de Estudos de Literatura Portuguesa do Núcleo de Estudos Luso-brasileiros da Univ. do Sagrado Coração, 3ª série, vol. 15, Bauru-São Paulo, Brasil, 277-279.
  • (2005) Sousa, Manuel de Faria e, verbete, in José Augusto Cardoso Bernardes, Aníbal Pinto de Castro et al., dir, Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, vol. V, Lisboa: Verbo, cols. 218¬ 23.
  • (2006) Sá de Miranda, os caminhos convergentes, Floema, ano II, 4 (jul-dez 2006), 109-142.
  • (2007) Gaspar Frutuoso: a literatura, o desterro e as saudades, in ALMEIDA, Isabel et al.Estudos para Idalina Rodrigues, Maria Lucília Pires e Maria Vitalina Leal de Matos. Lisboa: FLUL – Dep. de Literaturas Românicas, 675-703.
  • (2008) Os estudos camonianos no século XX, in GOULART, Rosa Maria; Maria do Céu Fraga; Paulo Meses, org. – O Trabalho da Teoria: Actas [do] colóquio em homenagem a Vítor Aguiar e Silva. Ponta Delgada: Univ. dos Açores, 153-161.
  • (2008) Sá de Miranda: os caminhos convergentes da vida e da literatura, Floema, ano II, 4 – Dossiê: Sá de Miranda (xx), 109-142.
  • (2010) José Maria Rodrigues: o camonista. – “Estudo introdutório”, in Estudos sobre Os Lusíadas / José Maria Rodrigues. 3.ª ed., Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, p. XLIII-LVII
  • (2010) O tempo e o espaço, a errância na lírica de Camões, Floema, ano VII, 7, (jul-dez 2010), 43-59.
  • (2010) Paisagens bucólicas com e sem pastores, Colóquio/Letras, 174 (MAIO 2010), 63-76.
  • (2011) “Collecção Camoneana" de José do Canto, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 270-272.
  • (2011) Canção, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 182-187.
  • (2011) Cancioneiro Cristóvão Borges, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 42-45.
  • (2011) Cancioneiro Fernandes Tomás, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 198-201.
  • (2011) Círculo Camoniano, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 268-269.
  • (2011) Éclogas, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 323-327.
  • (2011) Elegias, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 334-337.
  • (2011) Epístolas, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 353-358.
  • (2011) Odes, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 643-646.
  • (2011) Orta, Garcia de, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 651-653.
  • (2011) Pavão, José de Almeida (camonista), verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 667-668.
  • (2011) Sextina, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 903-904.
  • (2011) Armas e Letras, verbete, in SILVA, Vitor Aguiar, coord. – Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 42-45.
  • (2012) A poesia de definição e de catálogo nas Rimas de Camões, in Actas da VI Reunião Internacional de Camonistas. Ponta Delgada: Univ. dos Açores, 289-298.






Camões e os contemporâneos 

Org. Maria do Céu Fraga et al.

– Coimbra/Ponta Delgada/Lisboa: CIEC; Univ. dos Açores; Univ. Católica Portuguesa, 2012.






  • (2012) Martim de Castro do Rio: outros tempos para o nosso tempo, in FRAGA, Maria do Céu et al., org. – Camões e os contemporâneos. Braga: CIEC; Univ. dos Açores; Univ. Católica Portuguesa, 327-337.



As Rimas, in José Augusto Cardoso Bernardes (coord.) Camões nos Prelos de Portugal e da Europa (1563-2000): a Biblioteca Camoniana de D. Manuel II. Vol. II, Coimbra: Imprensa da Universidade / Fundação da Casa de Bragança, 2015, 61-107.


Os manuscritos de Faria e Sousa, in Idem, Ibidem, p. 181-185.









Babel e Sião: um manuscrito da Camoniana de D. Manuel II

– [“Sôbolos rios que vão” de Camões e o comentário de Faria e Sousa]. 

Ponta Delgada: Centro de Literatura Portuguesa da Univ. dos Açores / Vila Viçosa: Fundação da Casa de Bragança, 2021.

V. Índice.






  • (2021) Camões, Diogo Bernardes e Faria e Sousa : as éclogas «usurpadas» e «restituídas», Colóquio/Letras, n.º 208 (set. 2021), 146-159.
  • (2021) Doutrina, queixumes e cuidados sem fim: o mundo pastoril de Francisco Rodrigues Lobo, comunicação, in Congresso Científico 400 anos Francisco Rodrigues Lobo . – org. C.M.  de Leiria; Politécnico de Leiria; coord. científica Carlos Ascenso André. Leiria, 16-17 set. 2021.
  • (2022) Camões e o soneto pastoril, in Felipe de SAAVEDRA, ed., Atas do Congresso Internacional 450 anos de ‘Os Lusíadas’, Ternate/ Jakarta: Rede Camões na Ásia & África, 7-14.
  • (2022) comunicação na Figueira da Fox.
  • (2022) “Os Lusíadas nos Açores: 450 anos” - exposição, Ponta Delgada, na Biblioteca Pública e o Arquivo Regional de Ponta Delgada, inaugurada a 4 de outubro. - A iniciativa foi coordenada cientificamente pela Professora Doutora Maria do Céu Fraga, reputada camonista e um dos estudiosos que mais tem “visitado” o acervo bibliográfico da grande coleção camoniana dos Açores, e que fez uma visita guiada à exposição no dia da sua inauguração.
  • (2023) Fronteiras literárias: as epístolas poéticas de Camões, comunicação, in XXV Colóquio de Outono 2023 = XXV Autumn Colloquium 2023: Homenagem a Vítor Aguiar e Silva = In honour of Vítor Aguiar e Silva, Universidade do Minho, Campus de Gualtar, Braga, 23-25.11. 2023. - Org. Grupo de investigação Poéticas em Língua Portuguesa, CEHUM.





2021/09/16

400 anos da morte de Francisco Rodrigues Lobo - Congresso científico em Leiria




Congresso Científico Francisco Rodrigues Lobo

Dias 16 a 17 de setembro de 2021
Teatro José Lúcio da Silva

Org. conjunta da Câmara Municipal de Leiria e o Politécnico de Leiria 
com a coord. científica do Prof. Doutor Carlos André

Este encontro reúne especialistas de várias universidades, de Portugal, Brasil e Macau, e é consagrado "não só às temáticas privilegiadas pelo poeta leiriense, às diversas abordagens académicas, mas abordando igualmente as possíveis interações artísticas a partir da obra de Rodrigues Lobo."

O concelho de Leiria celebra 2021 como o ano dos 400 anos da morte de Francisco Rodrigues Lobo, assinalando-o com várias atividades como concertos, exposições, cinema, fotografia, literatura e roteiros.


Antestreia do filme “Lobo” (clicar no título)
(visualizar a partir de 02:15:35)

17 de set. 2021
realização de João Lázaro e o grupo Te ATO
com a  participação especial de crianças e jovens 
dos clubes de teatro escolar de Leiria


Programa



Em streaming no Facebook, Município de Leiria:

Sessão 1, 16 de set., manhã [2:48:41]
Sessão 2, 16 de set., tarde    [2:44:09]
Sessão 3, 17 de set., manhã [3:11:10]
Sessão 4, 17 de set., tarde    [3:01:00]















Para saber +





 


2021/09/14

ICONOGRAFIA – 10 ilustradoras portuguesas contemporâneas reinterpretam os 10 cantos de Os Lusíadas

Na 3.ª edição da BIG - Bienal de Ilustração de Guimarães será editada uma nova edição de Os Lusíadas, de Luís de Camões, a novidade é que será uma versão ilustrada inteiramente por mulheres, o texto será adaptado ao português contemporâneo e com a direção literária de Rita Marnoto, atual diretora do CIEC de Coimbra.


Os Lusíadas / Luís de Camões

Edição ilustrada para a BIG 2021

Com a Direção Literária de Rita Marnoto 
e com Direção Editorial de Margarida Ana Noronha

Texto fixado para a ortografia atual e com introdução por Rita Marnoto.

Ilustrações de Carolina CelasJoana RegoJoana Estrela, Madalena Matoso, Amanda Baeza, Inês Machado, Mariana RioCatarina GomesMarta Madureira e Marta Monteiro.








Na BIG será também apresentada uma exposição com curadoria do artista plástico António Gonçalves, a qual mostrará as ilustrações originais das 10 artistas inspiradas nos 10 cantos da epopeia camoniana. Uma visão artística moderna e plural reconfiguradora dos versos renascentistas.


A EXPOSIÇÃO

No período de 11 de setembro a 31 de dezembro de 2021, a Bienal de Ilustração de Guimarães promoverá exposições, entre elas a dedicada a OS LUSÍADAS: foi elaborada uma edição ilustrada para a BIG 2021 que resultou de uma parceria entre a Universidade do Minho e a Editora Kalandraka, com o apoio do Município de Guimarães. Na BIG será apresentada uma exposição com as os trabalhos das 10 autoras convidadas para ilustrar esta obra.

A exposição OS LUSÍADAS / THE LUSIADS decorrerá entre 23 out. e 31 dez de 2021, na Sociedade Martins Sarmento.


Inauguração: dia 23 de outubro, às 15h00.

Inauguração com a presença das autoras e do curador António Gonçalves.

Local: Sociedade Martins Sarmento, Rua Paio Galvão, 2, 4814-509 Guimarães

Horário: Terça a Domingo, 10h00 - 13h00; 14h00 - 19h00



Ilustração dos Cantos II, V e IX d'Os Lusíadas por, respetivamente, 
Joana Rêgo, Amanda Baeza e Marta Madureira


Uma linha de memória (excerto), por António Gonçalves

"As edições dos Lusíadas são imensas, das mais simples de bolso, às mais cuidadas e elaboradas edições luxuosas. Muitas delas acompanhadas de ilustrações dos mais diversificados artistas. Os dez cantos deste épico poema são de uma riqueza visual muito singular, um desafio e incentivo aqueles que dessa leitura nos possam dar a ver originais obras visuais.

No contexto da edição dos Lusíadas agora apresentado no contexto da Bienal de Ilustração de Guimarães, são apresentadas as ilustrações de Carolina Celas, Joana Rêgo, Joana Estrela, Madalena Matoso, Amanda Baeza, Inês Machado, Mariana Rio, Catarina Gomes, Marta Madureira e Marta Monteiro, dando a ver os dez cantos do Poema numa cuidada incursão no antigo da obra, numa visão de sensibilidade apurada e reveladora de como se dá hoje nova forma ao tempo. Um olhar feminino perante a epopeia dos feitos de um povo, feitos de presença das forças masculinas, mas povoado das ninfas que traziam a beleza e os encantos. Hoje é sempre o tempo de ler o antigo, dele trazer a essência mais intacta que estará sempre na origem da nossa indagação ao que somos e de como traçamos a linha da memória."

António Gonçalves

 

“Quem faz uma edição d’ Os Lusíadas tem que ter muito rigor, cuidado e precisão, independentemente do estilo. Os Lusíadas prestam-se a ser atualizados pois um clássico fala para todos os tempos e oferece-se a várias leituras. Esta edição dá a ler e a ver o poema, com um arranjo gráfico moderno e com o texto no novo acordo ortográfico, pensando nos alunos das escolas.”
Rita Marnoto


 

Para saber +



2021/09/13

O que teria acontecido se Camões tivesse escolhido salvar a sua amada em vez da sua epopeia? – receção criativa pelo ficcionista Maicon Tenfen

Dinamene, por Maicon Tenfen

Projeto gráfico de Vilmar Schuetze e Jean Valim; ilustrações de Rubens Belli. 

Ituporanga, Santa Catarina, Brasil: Ronin / Ed. Salto Grande Ltda, 2021.

– Disponível na Amazon em formato Kindle e capa comum.




O autor sobre a escrita da sua narrativa:





A ideia de escrever um romance com a história de Dinamene é antiga. É claro que não me interessava reescrever a lenda conforme ela entrou para o imaginário. Era preciso mudar alguma coisa, e a primeira, sem dúvida, estava na decisão de Camões. Por que não salvar a mulher amada em vez de Os Lusíadas? Ao longo dos anos, lancei essa pergunta a meus alunos: quem vocês salvariam? Escrevi inclusive uma crônica, cujo fragmento abaixo vai esclarecer os que estão boiando com a minha conversa. Em certo momento de 2018, pus a mão na massa e comecei a escrever esse romance que chega agora em março.

In: Facebook, 29.01.2021


Fragmento da crônica A NAMORADA CHINESA:

Conta-se que Camões enfrentou vários naufrágios em suas andanças pelo Oriente. O mais famoso se deu na foz do Rio Mekong, quando uma tempestade pôs a pique a caravela em que viajava.

Na confusão que se seguiu, o poeta deparou com um dilema que atravessaria os séculos: de um lado, sumindo na imensidão das águas, viu a bolsa com o manuscrito d’Os Lusíadas; de outro, tomando os primeiros caldos e gritando por socorro, a sua bela namorada chinesa.

A quem salvar?

Veja que a solução do problema não era tão simples quanto pensam os apressados.

Camões imaginava que Os Lusíadas tornar-se-iam o poema mais importante do idioma. Símbolo máximo da cultura portuguesa, é composto por 8816 decassílabos simetricamente heroicos (com tônica na sexta e na décima sílabas de cada verso), algo muito difícil de fazer, trabalho que lhe consumiu anos e mais anos de reclusão.

E a namorada chinesa? Era doce e graciosa como um lírio num vaso de ouro, um pêssego em forma de gente, uma flor de tamareira. Dizem que se chamava Dinamene, tinha olhos verdes e declamava madrigais em português fluente e harmonioso.

Se Camões salvasse Dinamene, Os Lusíadas desapareceriam nas águas inclementes; se salvasse Os Lusíadas, Dinamene é que afundaria e morreria afogada. Mais que violenta, a tempestade não permitia a alternativa de socorrer a obra e a amada ao mesmo tempo. Ou uma, ou outra, e o poeta tinha menos de dois segundos para decidir.


[imagem, na página do Facebook do autor do livro]


Sinopse:

"Conta-se que Camões enfrentou vários naufrágios em suas navegações pelo Oriente. O mais famoso se deu na foz do Rio Mekong, quando uma tempestade pôs a pique a caravela em que viajava. Na confusão que se seguiu, o poeta deparou com um dilema que atravessaria os séculos: de um lado, sumindo na imensidão das águas, viu a bolsa com o manuscrito d’Os Lusíadas; de outro, gritando por socorro, a sua amada Tin Na Men. A quem salvar? 

Considerando que hoje o resumo de um dos maiores épicos da literatura universal está em todos os manuais de Língua Portuguesa da Europa, América, África e Ásia, fica claro que Camões ignorou as súplicas da namorada e mergulhou para salvar o manuscrito.

Esse é o ponto de partida de Dinamene, com a importante diferença de que aqui Camões não mergulha para salvar o poema, mas a mulher da sua vida. 

Conheceremos o poeta em sua dimensão mais romântica, assim como a enigmática Tin Na Men, ou Dinamene, uma habilidosa praticante de Kung Fu que se vê no meio de uma guerra familiar na China do século XVI.

A Macau recém-tomada pelos portugueses é o cenário de muitos encontros inesperados: da língua portuguesa com as artes guerreiras orientais, dos jesuítas ibéricos com os devotos da deusa A-Má, do mercantilismo europeu com os costumes chineses e de um aventureiro inconsequente com uma jovem destinada a um casamento convencional.

Uma história de amor e aventura cujo pano de fundo é a criação do Poema que forjou a identidade dos portugueses e fundamentou um dos idiomas mais difundidos do mundo." (in: Amazon/Facebook)



O autor


Maicon Tenfen nasceu em 1975 em Ituporanga, Santa Catarina, no Brasil.

É formado em Letras (1998) e entre 2000 e 2006 concluiu os cursos de mestrado e doutoramento em Teoria Literária na Universidade Federal de Santa Catarina.

É professor de Literatura Brasileira na FURB, Universidade de Blumenau; leciona oficinas de escrita criativa e coordena a equipe de roteiristas da série de animação televisiva “Boris e Rufus”.

Estreou-se literariamente em 1996 e desde então já publicou cerca de duas dezenas de títulos, compreendendo crónicas, contos, romances e ensaios. 

Destacam-se os contos reunidos em O Impostor (2006), os romances da série Quissama e a coletânea Ler é uma droga: crônicas sobre livros e leitura (2012). 

Colaborou como cronista no “Diário Catarinense” e no “Jornal de Santa Catarina.” 


Para saber +

GEARINI, Victória (20221) Dinamene: a saga de Camões e de sua amada, segundo obra, in AH – Aventuras na História, 26.04.2021.

PINHEIRO, Gonçalo Lobo (2021) Escritor brasileiro lança livro com Macau e Luís de Camões no enredo, in Ponto Final [online], 13.05.2021.

Pré-leitura (amostra) na Amazon.

2021/09/12

O autorretrato do artista ou o outro – o poeta Luís de Camões. Receções iconográficas no séc. XXI

Autorretrato, 2019, por Shailesh Dabholkar

aguarela, 35x35cm

coleção particular de Jason Keith Fernandes







Obra apresentada no projeto “Azulejo 2019” da exposição “Mundo Goa”,

com a curadoria de Vivek Menezes,

no âmbito do Serendipity Arts Festival, na Índia.






A reprodução fotográfica dessa obra fará parte da capa do livro

PATRIMÓNIOS CONTESTADOS

Coord. Miguel Bandeira Jerónimo; Walter Rossa. 

Com apoio da Cátedra UNESCO em Diálogo Intercultural em Patrimónios de Influência Portuguesa, Instituto de Investigação Interdisciplinar e Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; Camões IP. 

Lisboa: Público - Comunicação Social S.A., abril 2021. 




Shailesh Dabholkar

Fotografia do artista nas redes sociais

A aguarela de Shailesh Dabholkar centraliza a questão da identidade, a sua e a dos lusos, ao reconfigurar o retrato do poeta nacional português numa obra de autoria além-fronteiras, na diáspora portuguesa.

"Azulejo 2019" constituiu um projeto multidisciplinar de artes visuais” concebido por Vivek Menezes e que fez parte do programa do Festival de artes Arts Serendipity 2019. A obra de Shailesh Dabholkar integra o conjunto de trabalhos apresentados por 25 jovens artistas goeses inspirados na arte do azulejo.

Continuando a sua viagem semiótica, a imagem (reprodução fotográfica, fornecida por Vivek Menezes, da aguarela original) foi selecionada de entre as várias que chegaram dos diversos autores do livro Patrimónios contestados (2021) aos seus coordenadores editoriais, Miguel Bandeira Jerónimo e Walter Rossa. Na ficha-técnica da obra coletiva, explica-se que “Jason Keith Fernandes propôs esta aguarela da sua coleção particular que tem, per si, uma extraordinária força polissémica, ainda maior se levarmos em conta que é o autorretrato de um jovem artista hindu goês”, Shailesh Dabholkar, o qual lhes enviou a seguinte declaração:

“The image features a poetic conversation between

the man and nature around him,

with the small bird uplifting the poet's spirit.”



Para saber +