2022/01/29

Luís de Camões: Os Lusíadas ‘vivos’ aos 450 anos - tema do JL 1339



Luís de Camões: Os Lusíadas ‘vivos’ aos 450 anos


“[...] E não há em língua portuguesa nada mais “eterno”, porque mais genial, do que a obra de Luís de Camões, que aliás tanto ajudou edificar e engrandecer, podemos mesmo dizer: a criar, a própria língua. Também, mas não só, com Os Lusíadas, de que se assinalam os 450 anos da edição princeps, Tema e capa deste n.º do JL.: tema ‘repartido’ pelo corpo do jornal e pelo suplemento de Educação, por razões que adiante se explicitam. Como se explicita que esperamos este seja só o início da publicação de muitas matérias relevantes sobre o mesmo tema, a sair até 2024, ano em que por sua vez se celebram os 500 anos do nascimento de Camões." - do editorial, José Carlos de Vasconcelos.

Quando se começa a assinalar a efeméride, o JL 1339 dedica o tema de capa à epopeia camoniana.


EDITORIAL

VASCONCELOS, José Carlos de – Camões, eterno, editorial/“Comentário” do JL – Jornal de Letras, n.º 1339 – Tema: Os Lusíadas, 450 anos (jan.-fev. 2022), p. 3.


Desenho de Júlio Pomar

TEXTOS-ENSAIOS INTRODUTÓRIOS

Com textos de:

PEREIRA, José Carlos Seabra – Efeméride épica de um Camões global, in JL – Jornal de Letras, n.º 1339 – Tema: Os Lusíadas, 450 anos (jan.-fev. 2022), p. 6-8.

JÚDICE, Nuno – Uma vida num poema, in JL – Jornal de Letras, secção de crónicas “Sobreversões”, n.º 1339 – Tema: Os Lusíadas, 450 anos (jan.-fev. 2022), p. 10-11.


Luís de Camões lendo Os Lusíadas aos frades de S. Domingos
por António Carneiro

TESTEMUNHOS

Testemunhos de um ator e dois escritores:

FONSECA, António – Ir ao essencial do humano, in JL – Jornal de Letras, n.º 1339 – Tema: Os Lusíadas, 450 anos (jan.-fev. 2022), p. 12-13.

NOVO, Isabel Rio – Um homem do seu tempo, in JL – Jornal de Letras, n.º 1339 – Tema: Os Lusíadas, 450 anos (jan.-fev. 2022), p. 12-13

MELO, João de – Camões e a contra-epopeia, in JL – Jornal de Letras, n.º 1339 – Tema: Os Lusíadas, 450 anos (jan.-fev. 2022), p. 13.


Edições escolares de Os Lusíadas

NO ENSINO

Aqui, acerca da presença e ensino de Os Lusíadas nas escolas portuguesas, escrevem dois outros destacados camonistas e profs. da Universidade de Coimbra – Rita Marnoto, coordenadora da comissão para as comemorações nacionais dos 500 anos de Camões em 2024, e José Augusto Cardoso Bernardes, e ainda Daniela Pinheiro, docente do ensino básico e secundário, autora de manuais escolares e da página do Instagram “Proibido Não Ler”. 

No suplemento JL/Educação, falam sobre o Poema nas escolas:

MARNOTO, Rita – A leitura de Os Lusíadas: anacronismo e atualização, in JL – Jornal de Letras, n.º 1339 – Tema: Os Lusíadas, 450 anos (jan.-fev. 2022), p. 1-3.

BERNARDES, José Augusto Cardoso – Edições escolares: as que existem e as que faltam, in JL – Jornal de Letras, n.º 1339 – Tema: Os Lusíadas, 450 anos (jan.-fev. 2022), p. 2-3.

PINHEIRO, Daniela – Haverá lugar para Os Lusíadas na sala de aula do século XXI?, in JL – Jornal de Letras, n.º 1339 – Tema: Os Lusíadas, 450 anos (jan.-fev. 2022), p. 3-4.











2022/01/28

SACADURA CABRAL E GAGO COUTINHO, OS GLORIOSOS AVIADORES, TRANSPORTAM NO HIDROAVIÃO O POEMA


1922 – 2022
um século depois da viagem aérea ao Brasil de

Sacadura Cabral e Gago Coutinho




Na iconografia da época, 1922, os aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral
 foram associados aos grandes navegadores dos Descobrimentos.
Imagem: Museu da Marinha.








Os Lusíadas do grande Luis de Camões, príncipe dos poetas de Hespanha; com os argumentos do Licenciado João Franco Barretto e índice de todos os nomes próprios; oferecidos ao Ilustríssimo Senhor Andre Furtado de Mendonça por Antonio Craesbeeck de Mello, impressor da Casa Real.
Lisboa: por Antonio Craesbeeck de Mello, 1670.


Parece que entre livros e cartas de navegação, os gloriosos aviadores transportaram a edição de Os Lusíadas de 1670, destinada ao Gabinete Português de Leitura no Rio de Janeiro.





Para saber +




Imagem: Museu da Marinha






2022/01/19

Amar Camões: encontros quinzenais de leitura de poesia na Biblioteca da FLUL, de janeiro a junho de 2022



AMAR CAMÕES

encontros quinzenais de leitura de poesia abertos a quem passa 

no átrio da Biblioteca 

da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

janeiro - junho 2022

Organização de Gil Clemente Teixeira




MOMENTOS DO ENCONTRO (1h15):

Leitura de textos de Camões (Rimas e Os Lusíadas, alternadamente) (10 min.)

Um exercício de reflexão que parta do diálogo entre Camões e outro poeta (30 min.)

Conversa com o público (30 min.)

Proposta para ver Camões com óculos alheios (5 min.)


Camões dito por:

Francisco Malta Romeiras, Maria Helena Antunes, Maria Luísa Resende, Mariana Carvalho Araújo, Marta C. Lourenço, Raimundo Henriques, Sara Barbosa


Breve apresentação 

“O ciclo Amar Camões terá lugar em 2022, ano em que se comemoram os 450 anos da primeira edição d’Os Lusíadas (1572). 

Como a única homenagem insuspeita que a Camões se deve é a leitura (palavras de Eduardo Lourenço), a finalidade destes encontros é, sobretudo, criar um espaço-tempo de leitura/audição regular de Camões na Universidade, estabelecendo um diálogo entre os textos canónicos da sua obra, Os Lusíadas e as Rimas, e textos de outros poetas. 

Espera-se que as conversas com diferentes leitores especializados, de vários departamentos, programas e centros de investigação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, possam juntar leitores curiosos.”




PROGRAMA


Encontro Data                            Conversa com...

     1.º         26 de janeiro, 18h00       José Pedro Serra

     2.º         9 de fevereiro, 18h00       Hélio Alves

     3.º         23 de fevereiro, 18h00     Isabel Almeida

     4.º         9 de março, 18h00       João Figueiredo

     5.º        23 de março, 18h00        Mário Avelar

     6.º        6 de abril, 18h00                Ricardo Nobre

     7.º       20 de abril, 18h00        Joana Matos Frias

     8.º       4 de maio, 18h00                Paula Morão

     9.º       18 de maio, 18h00       Ângela Fernandes

     10.º       1 de junho, 18h00       Luís Cerqueira

     11.º       15 de junho, 18h00       Vanda Anastácio

     12.º       29 de junho, 18h00       Guilherme Berjano Valente

     13.º       13 de julho, 18h00       Margarida Braga Neves





2022/01/16

Congresso Internacional 450 anos de Os Lusíadas, 12 de março de 2022, pela Rede Camões na Ásia (RCnA)





A Rede Camões na Ásia (RCnA)
realizará a 12 de março de 2022
um Congresso Internacional Comemorativo
dos 
450 Anos da publicação de Os Lusíadas

PROGRAMA


Sábado, 12 de março de 2022

Ternarte - Jakarta, na Indonésia
com emissão online

 

1.ª PARTE - CAMÕES E A ÁSIA

14.30 hora de Ternate / 12.30 Jakarta
(09.00 Teerão, 08.30 Ankara e Qatar, 06.30 Siena, 05.30 Portugal continental)
 
14.30 – Inauguração.

14.40 – Traduzir 'Os Lusíadas' para indonésio. - Danny Susanto
15.00 – 450 anos depois, 'Os Lusíadas' em turco. - Ibrahim Aybek
15.20 – 'Os Lusíadas' em árabe: caraterísticas da tradução. - Abdeljelil Larbi
15.40 – Porquê traduzir Camões para farsi? - Sabri Zekri
15.55 – Publicar Camões no Irão. - Taraneh Arabzadeh
16.10 – Camões e a Indonésia. - Felipe de Saavedra
16.30 – Intertextualidades Lusíadas em textos escritos por naturais goeses em língua portuguesa (1702-1713). - Regina Célia Pereira da Silva
16.50 – Imagens do Oriente e dos orientais n’'Os Lusíadas'. - João Oliveira
17.10 – Camões, o poeta que «do Oriente as portas vem abrindo». - Filipa Araújo

17.30 – Espaço de debate.

INTERVALO DE UMA HORA 

e mudança de hora padrão  para Jakarta



2.ª PARTE - ‘OS LUSÍADAS’: 450 ANOS DE FASCÍNIO


CAMÕES CONTEMPORÂNEO

17.00 hora de Jakarta
(18.00 Macau, 11.00 Siena, 10.00 Portugal continental, 07.00 São Paulo) 

17.00 – Invocando as Musas: os trabalhos e as leituras. - Sara Augusto
17.20 – Sebastião da Gama e 'Os Lusíadas'. - Maria Antonietta Rossi
17.40 – Receção de Camões na escrita de José Régio. - Cândido Oliveira Martins
18.00 – «O português de todos os tempos»: Agustina Bessa-Luís leitora de Luís Vaz de Camões. - Maria do Carmo Pinheiro Silva Cardoso Mendes
18.20 – Leitura e (re)escritura de 'Os Lusíadas': a navegação poética de Manuel Alegre. - Maria Eduarda Miranda Paniago & Caio Gagliardi

18.40 – Espaço de debate.

CAMÕES, DA SUA ÉPOCA ATÉ AO SÉCULO XIX

19.00 hora de Jakarta
(12.00 Portugal continental, 13.00 Montpellier, 09.00 São Paulo)
 
19.00 – Camões e D. Sebastião, um par romântico. - Vitor Amaral de Oliveira
19.20 – As vidas francesas de Luís de Camões. - Aude Plagnard
19.40 – As grandes coleções camonianas dos séc.s XIX e XX. - José Carlos Canoa
20.00 – Cruzar pequenos mundos de poesia: a receção de 'Os Lusíadas' (1572) no poema 'Ulyssippo' (1640) de António de Sousa de Macedo. - Gil Clemente Teixeira
20.20 – 'Os Lusíadas', um espelho de príncipes. - Isabel Rio Novo
20.40 – O amor na “ilha namorada” d’'Os Lusíadas'. - Marcelo Lachat

21.00 – Lançamento de livros e debate.
 

3.ª PARTE - A OBRA DE CAMÕES E A SUA EDIÇÃO


22.00 hora de Jakarta
(14.00 Açores, 16.00 Genève, 12.00 São Paulo)

22.00 – Camões e o soneto pastoril: tradição e novidade. - Maria do Céu Fraga
22.20 – Para a edição crítica das 'Cartas' de Luís de Camões. - Barbara Spaggiari
22.40 – A música em Camões: concordâncias musicais no 'Cancioneiro de Paris'. - Fábio Vianna Peres
23.00 – Painel conclusivo: as edições em curso da obra camoniana. - Telmo Verdelho, Barbara Spaggiari e José Camões. Moderador: Felipe de Saavedra

 


Instituições, pela ordem da participação inicial de congressistas:

Rede Camões na Ásia
Universitas Indonesia
Universidad de Granada/Università di Bologna
editora Shab-e-Sher
Università per Stranieri di Siena
Universidade Católica Portuguesa
Universidade de Coimbra
Instituto Politécnico de Macau 
Universidade do Minho 
Universidade de São Paulo 
Université Paul Valéry – Montpellier 
Universidade Nova de Lisboa 
Universidade de Lisboa
Centro International d’Études Portugaises-Genève 
Universidade dos Açores
Universidade de Aveiro
 

Participações especiais:

Estudantes de Cultura Portuguesa, História de Portugal e Língua Portuguesa da Universitas Indonesia.
 




Tudo sobre o Congresso, aqui.





1980: ano de Camões - resumo de eventos celebrativos





Celebrar Camões

por Jacinto do Prado Coelho

"Em todos os países civilizados há modernamente um amplo consenso, inclusive da parte dos governantes, quanto ao dever de celebrar os pensadores e artistas que foram casos excecionais de superação do homem pelo homem. Não se trata de simples formalidade académica ou de hábito vazio. Porventura cada vez sentimos mais a necessidade de, periodicamente, tomando certas efemérides como pretexto, nos distanciarmos dos problemas alienantes dum tortuoso dia-a-dia – aquilo a que o autor d’Os Lusíadas chamava «o baxo trato humano embaraçado» –, e de respirarmos ar mais puro, de reavivarmos a consciência dos grandes valores do espírito, de nos retemperarmos na contemplação da beleza, reatando o diálogo com as obras-primas enformadas por esses valores. Dando primazia à liberdade criadora e à plena liberdade crítica. 

Camões, tema problemático e até polémico, solicita-nos por múltiplas razões. Um centenário permite, por exemplo, mostrar como se têm servido do poeta empobrecendo ou falseando a sua imagem, fazendo d’Os Lusíadas o breviário eterno de todos os «bons portugueses» e convertendo o poema, no fim de contas, em estandarte duma corrente ideológica. E, no entanto, com outra profundidade e outra largueza, Camões foi de facto expressão e intérprete incomparável da portugalidade, escreveu com o próprio sangue a mais nacional das epopeias e, embora com uma visão das coisas dependente, como não podia deixar de ser, das estruturas mentais do seu tempo (aliás um tempo de incerteza, de crise) e modelada pela condição de gentil-homem pobre, ainda hoje nos ensina em termos lapidares o civismo e o amor da pátria, exercendo o seu magistério de clerc, de humanista empenhado na ação, com um desassombro que não poupa ninguém. De tal modo que celebrar Camões, relendo-o, estudando-o, discutindo-o, difundindo-o, continua a ser imperativo da nossa consciência de portugueses. 

Quanto mais longe do pragmatismo político e da oratória oficial, melhor. Não esquecendo que a pátria é, essencialmente, um espaço cultural, e a cultura uma pátria de homens livres. Benedetto Croce enganou-se quando considerou Os Lusíadas mero “panegírico político dum povo e da sua história”. Pelo contrário: um dos invulgares méritos do poema está na sua originalidade de epopeia crítica, patente na fala do Velho do Restelo. Camões, perante a História, não se limita a exaltar: interroga-se e interroga-nos. 

De há muito os comentadores têm salientado, a par do portuguesismo do épico, o caráter universal da sua obra. E têm justamente posto em relevo que os dois aspetos não são incompatíveis. A gesta dos portugueses na devassa do mundo e nos contactos com povos longínquos, de outras raças e crenças e costumes, assume vários sentidos: animados pelo desejo de riqueza e de domínio, movidos também por um espírito de cruzada (conquanto, no Portugal do século XV, muitas dúvidas se formulassem sobre se era justa a guerra levada aos infiéis para lhes impor o cristianismo), os portugueses agiram como europeus do Renascimento e como expoentes dos indefinidos poderes do Homem, «bicho da terra tão pequeno» capaz, por uma virtù heroica, de escalar o Olimpo merecendo «glória e fama» para sempre. Mas ainda aqui Os Lusíadas se singularizam pelo sentimento de humanidade (a «piedosa humanidade» que repassa as palavras de mães, esposas, irmãs que vieram à praia do Restelo quando ia partir a armada do Gama) e pela adoção de perspetivas complementares: coragem e medo, euforia heroica e tragédia ou elegia. Para o conhecimento de Camões, quer das suas virtualidades estéticas quer da complexidade, contrastes e grandeza da sua alma, da sua inteligência sensível e da sua lúcida sensibilidade, Os Lusíadas não importam menos que as Rimas, e até o teatro e as cartas parecem indispensáveis para uma exata, não mutiladora compreensão. Apenas se poderá observar que na lírica a linguagem poética mantém qualidade mais homogénea porque na épica se tornam, por vezes, evidentes os sinais dum longo, árduo trabalho. Não falando já no peso duma retórica recamada de alusões mitológicas. Seja como for, atenção: Camões elegeu-se como poeta, e em poesia não é lícito desligar o pensamento do que nela é específico: a forma. 

Poeta que continua fascinante, perturbante, em leituras atuais. Comemoram-no este ano na Califórnia e em Budapeste, em São Paulo e em Tóquio, em Madrid e em Bruxelas. Prova de que não pertence só a nós, portugueses — disso nos orgulhamos. No reino sem fronteiras da cultura, onde, respeitando as diferenças, se fomenta o diálogo, Camões pode ser uma das pedras para a construção da sociedade universal. A geografia das comemorações sanciona este projeto, «utópico» mas na zona do atingível." (p. 5-6)







1980 : ano de Camões
Informação Literária



[1. Encontro de Camonistas de Língua Italiana e Portuguesa, 18-21 de abril]

No Solar de Mateus (Vila Real), por iniciativa da Fundação da Casa de Mateus e do Instituto italiano de Cultura, decorreu entre 18 e 21 de Abril um Encontro de Camonistas de Língua Italiana e Portuguesa. 
Na sessão inaugural usaram da palavra o embaixador da Itália, o Eng.º Fernando de Albuquerque e o Dr. Vasco Graça Moura. 
Apresentaram comunicações Eduardo Lourenço, Óscar Lopes, Maria Vitalina Leal de Matos, Maria Antonieta Soares de Azevedo, Manuel Antunes, Henrique Barrilaro Ruas, Fiama Hasse Pais Brandão, Maria Leonor Buescu, José da Costa Miranda, Emanuel Paulo Ramos, Bernardo Xavier Coutinho e Jacinto do Prado Coelho. 
A contribuição italiana, com Giuseppe C. Rossi, Giuseppe Tavani, Giulia Lanciani, Antonio Tabucchi, Riccardo Averini, Erilde Metíllo Reali, Ettore Finazzi-Agró e Luciano Rossi, foi decisiva para o êxito do colóquio, onde emergiu, mediante novos métodos e perspetivas, a imagem dum autor problemático, e até enigmático, sobre o qual muita coisa parece ainda por dizer. 
Também apresentaram trabalhos um brasileiro, António Soares Amora, e uma francesa, Anne Gallut, que tem estudado o Morgado de Mateus, editor d'Os Lusíadas, e a influência exercida pela sua famosa edição. Prevê-se a reunião das comunicações num volume de atas.


[2. Prémio de Poesia Morgado de Mateus – 1980]

Por ocasião do Encontro de Camonistas, reuniu-se no Solar de Mateus o júri do Prémio de Poesia Morgado de Mateus – 1980, no valor de Esc. 500.000$00 e destinado a «galardoar o conjunto da obra poética dum autor vivo de língua portuguesa, cuja criação possa considerar-se, atento o especial significado do ano em curso, um paradigma dos altos valores humanos, estéticos e civilizacionais da cultura de língua portuguesa». 
O júri, formado por António Soares Amora, David Mourão-Ferreira, Eduardo Lourenço, Giuseppe C. Rossi, Jacinto do Prado Coelho, João Gaspar Simões e Vianna Moog, atribuiu o prémio, ex aequo, ao poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade e ao poeta português Miguel Torga.


[3. Sessão solene da Academia das Ciências de Lisboa]

Em honra do Poeta, a Academia das Ciências de Lisboa realizou no dia 8 de maio uma sessão solene, presidida pelo Chefe do Estado em exercício e presidente da Assembleia da República, Dr. Leonardo Ribeiro de Almeida.
Nesta sessão, que contou com a presença do ministro-adjunto do Primeiro-Ministro, do Secretário de Estado da Cultura, do Embaixador do Brasil e do Cardeal-Patriarca de Lisboa, foram oradores o presidente da Academia, Prof. Manuel Jacinto Nunes («Camões e o Portugal contemporâneo"), os Profs. Luís de Albuquerque («O ambiente cientifico português no tempo de Camões»), David Mourão-Ferreira (“A Ilha dos Amores e o lirismo erótico de Camões») e Luís Vianna Filho («Camões e o Brasil») e o Dr. Mário Martins («Linhas de força da mensagem de Camões»).


[4. Colóquios Camonianos na Califórnia e em Santa Barbara, 25 e 26 de abril]

O Departamento de Espanhol e Português da Universidade da Califórnia e o Centro de Estudos Portugueses Jorge de Sena, em Santa Barbara, organizaram Colóquios Camonianos, nos dias 25 e 26 de abril.
Apresentaram comunicações Arthur Askins, Maria de Lourdes Belchior, J. V. de Pina Martins, David Jackson, Rebecca Catz, Frederick Williams, Joaquim-Francisco Coelho, Eduardo Mayone Dias, George Monteiro, Bryant Creel, Augusto Hacthoun, Gordon Jensen, Arnaldo Saraiva, António A. Cirurgião, Stephen Reckert, Yara Frateschi Vieira, José Martins Garcia, Davi Traumann e Vitor Manuel de Aguiar e Silva.
Na ausência dos autores, foram lidas as comunicações de José Rodrigues Miguéis, Francis M. Rogers, Agostinho Almeida, Leodegário A. de Azevedo Filho, Maria Leonor Machado de Sousa, M. Idalina Resina Rodrigues, Bernardo Xavier Coutinho, Armando Martins Janeira, M. Helena Ribeiro da Cunha e Nelly Novaes Coelho.


[5. Colóquio “Camões e a sua época”, na Universidade de Toronto, 11 e 12 de abril]

Na Universidade de Toronto, por diligência do Departamento de Espanhol e Português, dirigido pelo Prof. Kurt L. Levy, realizou-se em 11 e 12 de abril um colóquio sobre o tema «Camões e a sua época”, em que participaram os Profs. Maria de Lourdes Belchior, António J. Saraiva, Stephen Reckert, Harold Livermore, etc.


[6. Seminário de Helder de Macedo, Univ. Nova de Lisboa, 21 de março]

Em 21 de março, na Universidade Nova de Lisboa, Helder Macedo fez uma exposição em seminário sobre “A viagem iniciática n’Os Lusladas”.


[7. Conferência do Embaixador de Portugal no México, José Fernandes Fafe]

No México, os atos celebrativos do IV Centenário tiveram início em 31 de janeiro, com uma conferência do embaixador de Portugal, escritor José Fernandes Fafe, que, em sua casa e tendo como convidados os membros do corpo diplomático e a maioria da comunidade portuguesa local, falou de «Camões, hoje» e tornou público o programa que organizou para as comemorações naquele país.


[8. Número especial da revista Estudos Italianos em Portugal]

A modelar versão italiana duma seleção das Rimas de Camões, levada a cabo pelo Dr. Riccardo Averini, diretor, desde 1968, do Instituto Italiano de Cultura em Portugal, constitui um dos acontecimentos relevantes do presente ano comemorativo. Ao tradutor se devem também a introdução geral, as introduções parciais e as notas. O volume inclui ainda uma «antologia da crítica portuguesa» e dois textos de José da Costa Miranda, sobre a presença de Camões na ltália e as relações Camões-Ariosto – “confronto evidente no percurso do Orlando Furioso em Portugal». São ao todo 310 páginas. Trata-se dum número especial da revista Estudos Italianos em Portugal, a que deram apoio a Secretaria de Estado da Cultura e a Fundação Calouste Gulbenkian.


[9. Studi Camoniani 80 – Contributo alle celebrazione del centenario di Camões]

O 2.º volume dos Romanica Vulgaria Quaderni, dirigidos por Giuseppe Tavani, subordina-se ao título Studi Camoniani 80 – Contributo alle celebrazione del centenario di Camões e foi coordenado por Giulia Lanciani. Constitui notável testemunho do interesse dos lusófilos italianos pela nossa literatura. 
No sumário, «Sobolos rios: a poesia da diáspora», por Manuel Simões; «Os Lusíadas e os outros (Contactos entre culturas e línguas no epos camoniano: a figura do intérprete)», por Ettore Finazzi-Agrô; “Actéon e o rei”, por Erilde Melillo Reali; «Considerações sobre Ariosto e Camões», por Luciano Rossi; «A propósito do Velho do Restelo», por Giuseppe Tavani; «Sobre o conflito entre amor ativo e amor contemplativo no teatro camoniano», por Cesarina Donati; «O Seleuco de Camões — desagregação e paródia duma lenda de amor», por Giulia Lanciani.
O primeiro artigo está redigido em português; os restantes, em italiano. O volume, assim que possível, será objeto de recensão critica nesta revista


[10. Conferência na Alliance Française de Lisbonne]

Na sede da Alliance Française de Lisbonne, o Prof. Daniel Henri Pageaux, da Sorbonne, presidente da Société Française de Littérature Générale et Comparée, proferiu em 15 de abril uma conferência sobre “Camões em França – Problemas de fortuna e receção críticas”.


[11. RTP-1 Ano Camões, co-produção lusa, espanhola e brasileira]

Com dupla perspetiva – a do Camões do século XVI, evoluindo num contexto histórico em que o espectador é iniciado, e a do Camões nosso contemporâneo, cujos conflitos e preocupações encontram correspondência nos dias de hoje –, a Radiotelevisão Portuguesa criou uma programação intitulada RTP-1 Ano Camões, em co-produção com a Espanha e o Brasil.
As emissões, que têm um gabinete de apoio constituído por David Mourão-Ferreira, João de Freitas Branco, Joaquim Barradas de Carvalho e José Hermano Saraiva, começaram em abril, prolongando-se até agosto de 1980, e nelas foram convidadas a participar figuras de relevo na vida cultural portuguesa.


[12. Conferência em Castelo Branco, por Cândido Beirante, em abril]

“Camões, um homem na sua época”, foi o tema da conferência que Cândido Beirante realizou, no mês de abril, em Castelo Branco, cidade onde existem mais de 300 exemplares de arquitetura civil contemporânea do Poeta.


[13. Comemorações camonianas em São Paulo, várias e diversas iniciativas]

O Consulado-Geral de Portugal e as Associações Luso-Brasileiras de São Paulo criaram uma comissão para as comemorações camonianas, com o patrocínio de diversas entidades, nomeadamente a Secretaria Estadual de Cultura e o próprio Governo.

Da sensibilização feita junto à área editorial e motivada por um concurso, de prémio compensador (abrangendo não só́ empresas editoras como instituições culturais), resultaram já oito edições de obras do Épico, a sair no decorrer do ano, algumas das quais de elevado nível gráfico.

Foram igualmente abertos concursos de «Pesquisa», «Jornalismo” e diversos dirigidos a áreas escolares de diferentes escalões, incluindo o universitário.

Outras iniciativos de caráter cultural em curso:
- uma grande exposição bibliográfica de Camões, na Biblioteca Municipal de São Paulo, simultaneamente com uma Feira do Livro Português, no Parque anexo à Biblioteca;
  • Exposição de Imprensa de Língua Portuguesa, no Clube Português de São Paulo;
  • Exposição Filatélica de tema camoniano;
  • Prémio Camões, de Artes Plásticas; ciclo de conferências na Casa de Portugal em São Paulo;
  • Encontro Camoniano Internacional, de 25 a 31 de julho, iniciativa do Instituto de Cultura e Ensino Padre Manuel da Nóbrega, e que reunirá cerca de 350 participantes.

[14. Comemorações camonianas em Santos / Brasil]

O Instituto de Estudos Portugueses de Santos (Brasil) teve, no seu plano de atividades para 1980, em particular atenção as celebrações camonianas. Assim, programou para abril uma exposição bibliográfica, com uma conferência da Prof.a Maria Aparecida Santilli, da Univ. de São Paulo, acerca da Lírica, e para maio uma «Semana de Estudos Camonianos», a cargo de professores da Univ. de São Paulo e da Faculdade de Letras de Santos. O mesmo Instituto, através do seu Conselho Diretivo, encarregou-se de elaborar os regulamentos dos concursos que vão ser promovidos, no âmbito das comemorações, naquela cidade brasileira.


[15. O número 2 da Revista Camoniana, da Universidade de São Paulo]

O número 2 (24 série) da Revista Camoniana, publicação do Centro de Estudos Portugueses da Univ. de São Paulo, contém artigos de Alexandre Cabral («A estranha participação de Camilo nas comemorações camonianas de 1980»), A. Álvaro Dória («Oliveira Martins e Camões»), Edith Pimentel Pinto («O bilinguismo no teatro de Camões»), Luiz Piva («Marcos de S. Lourenço, um comentarista inédito d'Os Lusiadas»), M. Isabel Bastos Cunha («Camões e Drummond: um paralelo») e Mário Martins («Os Lusíadas na tragicomédia del-rei D. Manuel I»), além de outros textos de A. Basílio Rodrigues, Manuel J. Pelaóz, Erasmo Magalhães, Nelly Novaes Coelho e Maria Helena Ribeiro da Cunha, directora da revista.


[16. Conferências camonianas do Centro de Estudos Portugueses em Belo Horizonte]

Ainda no Brasil: em Belo Horizonte (Minas Gerais), o Centro de Estudos Portugueses, dirigido pela Prof.a Lélia Duarte, projeta comemorar condignamente o IV Centenário; no ciclo de conferências previsto para junho, contam-se as de Sónia Maria Viegas Andrade (“Fundamentos filosóficos da obra camoniana”), Wilson Castelo Branco («O recenseamento político de Camões»), Ítalo Mudado («A teatralidade n'Os Lusladas»), Wilton Cardoso («O desconcerto do mundo») e Luiz Carlos Alves («Retórica e poética em Camões»).


[17. Comemorações organizadas pela Associação dos Arqueólogos Portugueses, 5 a 9 de maio]

A Associação dos Arqueólogos Portugueses consagrou ao autor d'Os Lusíadas um ciclo comemorativo, de 5 a 9 de maio, com as seguintes conferências: «Esboço de auto-retrato poético de Camões», pelo Prof. Joaquim Veríssimo Serrão; «A Ilha dos Amores – introdução a uma análise simbólica», pela Dr.ª Maria Antonieta Soares de Azevedo, e «A figura histórica e lendária de D. Afonso Henriques apreciada por Camões», pelo Dr. Fernando Castelo-Branco.
Prestaram depoimentos sobre a Casa de Camões a escritora Manuela de Azevedo, a Dr.ª Maria Clara Pereira da Costa e o Arq.º Jorge Segurado, realizando-se por fim um concerto com música sacra e palaciana do séc. XVI, pelo grupo Polyphonia Scola Cantorum, no Mosteiro dos Jerónimos.


[18. Ciclos comemorativos na grande Lisboa: teatro, cinema, música, exposição documental, palestras]

Coincidindo com a estreia, em Almada, do seu novo espetáculo – a peça de José Saramago Que Farei com Este Livro?, inspirada na vida de Camões –, o Grupo de Teatro de Campolide anuncia vários ciclos comemorativos, de cinema, música, uma exposição documental, e palestras de M. P. Rio de Carvalho, Óscar Lopes, João de Freitas Branco, Luiz Francisco Rebello, António Borges Coelho e Helder Macedo, sobre o Poeta e o século XVI.


[19. Prémios Luís Vaz de Camões, da Editorial Caminho]

Um dos dois prémios Luís Vaz de Camões que, como no último número informámos, a Editorial Caminho instituiu foi atribuído a Pedro Alvim, autor do livro de poemas Inédito Rútilo é o ‘"’”.
Também por decisão unânime do júri, não foi concedido o prémio na modalidade Ensaio.


[20. Celebrações em Goa, Damão e Diu]

Em recente visita oficial ao nosso país, o ministro da Educação e Cultura da Índia, B. Shankaranand, que em Lisboa assinou um acordo cultural luso-indiano, revelou à Imprensa que a Assembleia de Goa, Damão e Diu elaborou um programa comemorativo do 4.º centenário da morte de Camões.


[21. Concurso literário promovido pelo Grupo Desportivo dos Trabalhadores da Mundet, do Seixal]

O Grupo Desportivo dos Trabalhadores da Mundet, do Seixal, promoveu um concurso literário desdobrado em dois sectores: o primeiro, só́ para os empregados da fábrica, sob o tema «Camões visto por um trabalhador» (2 folhas dactilografadas), e o segundo, aberto a toda a população local, sobre «A universalidade da obra de Camões» (3 folhas dactilografadas).


[22. Boletim da FCG]

É dedicado especialmente à juventude, no quarto centenário da morte de Camões, com um texto expressamente escrito por Adolfo Simões Múller e ilustrações de Fernando Bento, o último número do Boletim do Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian.


[23. Os Lusíadas em esperanto]

Um dos projetos para 1980 é a publicação duma versão d'Os Lusíadas em esperanto, elaborada, em oitavas de versos rimados, pelo brasileiro Leopold H. Knoedt, que já traduziu na mesma língua internacional Poemas Escolhidos de Castro Alves. Nesta iniciativa se mostra empenhada a Associação Portuguesa de Esperanto.


[24. Encontro-debate no Teatro Aberto, em Lisboa, 31 de março]

No Teatro Aberto, em Lisboa, decorreu em 31 de março um encontro-debate – «Camões, a sua época, a sua obra” –, com a participação de A. Borges Coelho, Armando Castro e Óscar Lopes.


[25. Exposições na BNP]

No átrio da Biblioteca Nacional de Lisboa, painéis com a reprodução ampliada de versos d'Os Lusíadas, elementos iconográficos e dísticos alusivos em português, francês e inglês assinalam o IV Centenário de Camões.
Com idêntico propósito, a Biblioteca Nacional tomou a iniciativa de promover um ciclo de exposições: na que durante o mês de maio esteve aberta — «Timor do séc. XV! ao séc. XX» — avultou o livro do «primeiro dos poetas portugueses que cantando disseram da Ilha Verde e Vermelha de Timor (n'Os Lusíadas, X, 134)».


[26. Colóquio camoniano, nos Serões da Casa do Alentejo», em 14 de maio]

Integrado nos «Serões da Casa do Alentejo», teve lugar em 14 de maio nesta agremiação regional um colóquio sobre Camões, com a participação de Jacinto do Prado Coelho, Luiz Francisco Rebello, António Reis e António Borges Coelho. No final, o poeta Armindo Rodrigues leu composições de sua autoria inspiradas em Camões.









Fonte:
“1980: Ano de Camões”, Colóquio/Letras, n.º 55, (maio 1980), p. 103-107.




2022/01/07

O Tricentenário de Camões em Lisboa, reflexos nas Artes, na Literatura, na Política e na Sociedade - exposição em 1980

Palácio Pimenta, núcleo-sede do Museu de Lisboa, situado no Campo Grande


O Tricentenário de Camões em Lisboa, reflexos nas Artes, na Literatura, na Política e na Sociedade

Exposição

Em Lisboa, no Museu da Cidade, entre junho e dezembro de 1980

Organizada pelos Serviços de Museus Municipais da C. M. L.



“O tricentenário de Camões em Lisboa numa exposição comemorativa do quarto centenário da morte do poeta”

por Irisalva Moita

“Integrada nas comemorações do IV centenário da morte de Luís de Camões (1580-1980), promovidas pela Câmara Municipal de Lisboa, os Serviços de Museus Municipais organizaram, no Museu da Cidade, uma exposição Iconográfica e documental sobre as brilhantes cerimónias que assinalaram, há cem anos, em Lisboa, o tricentenário da morte do Épico que esteve aberta ao público entre junho e dezembro de 1980. 

Com esta Exposição pretenderam chamar a atenção para o significado cultural, político e social daquele acontecimento, transformado mercê das profundas Incidências que teve naqueles campos, num dos mais importantes marcos da história portuguesa da segunda metade do século XIX, impondo definitivamente a identificação de Camões com a Nação. 

Já em 1972, quando das comemorações do IV centenário da publicação de Os Lusíadas, os mesmos Serviços tinham tentado uma abordagem do assunto, numa pequena exposição que esteve patente no “foyer” do Teatro Municipal de S. Luís, de que demos notícia em “Lisboa e o seu Município nas comemorações camonianas”, publicada no n.º 134/135 de 1972 desta revista. O sucesso dessa pequena mostra animou-nos a retomar o assunto, dando-lhe, agora, uma maior amplitude. 

Naturalmente, tanto na anterior, como na presente exposição, contentamo-nos em circunscrever o âmbito do acontecimento e seus reflexos a Lisboa, donde, aliás, partiu a iniciativa das comemorações e, onde estas alcançaram maior significado e importância, ainda que, na realidade, se tenham alargado a todo o Pais, estendendo-se mesmo ao Ultramar e ao Brasil. Também as datas de 8, 9 e 10 de junho, determinadas oficialmente em princípio, foram, em muito, ultrapassadas. 

A Exposição que se intitulava “O Tricentenário de Camões em Lisboa – reflexos nas Artes, na Literatura, na Política e na Sociedade”, abria, em jeito de introdução, com duas pequenas “mostras”, uma dedicada ao 

ROTEIRO CAMONIANO OLISIPONENSE

reconstituído a partir de documentação contemporânea do poeta, ou baseada em referências e tradições que até nós chegaram – o local provável do seu nascimento e morte, os bairros e edifícios da cidade que mais frequentou ou por onde deambulou, a Cadeia do Tronco, onde esteve preso, a Igreja das Chagas, onde a tradição foca o encontro com Catarina de Ataíde, casa onde a tradição diz ter residido, etc.; 


outra dedicada à 

EDIFICAÇÃO E INAUGURAÇÃO DO MONUMENTO A LUÍS DE CAMÕES EM LISBOA (1862-1867)

acontecimento que tendo precedido, em alguns anos as Festas do Centenário – assim ficaram conhecidas as comemorações de 1880 – prepararam o clima de entusiasmo e exaltação patriótica que transformará aquelas comemorações numa grande festa nacional e popular.

Dispensamo-nos de referir a documentação apresentada para ilustrar este sector, por se encontrar referenciada num folheto dedicado ao Monumento a Luís de Camões, publicado pelo Município, em 1980, para ser distribuído, gratuitamente, pela população. [...]”









*Fonte:

MOITA, Irisalva – O tricentenário de Camões em Lisboa numa exposição comemorativa do quarto centenário da morte do poeta, in Revista municipal: Lisboa. – Publicação cultural da Câmara Municipal de Lisboa. Ano XLIII, 2.ª série, n.º 2 (1982), número dedicado ao Poeta, p. 35-60.





Para saber +







Exposição camoniana no Teatro Municipal de S. Luís, em 1972


Exposição Camoniana 

Lisboa, Teatro Municipal de S. Luís, no Salão da Plateia



por Irisalva Moita:

“Respeitando uma tradição que muito o honra, não quis, também, o Município da capital deixar de participar, embora modestamente, nas comemorações do 4.º centenário da publicação de Os Lusíadas.

Além de ter prestado a sua colaboração, cedendo o salão nobre dos Paços do Concelho para a sessão solene camoniana do dia 21 de junho, com a presença do Chefe do Estado e do Governo, em que foi conferencista o Prof. Aguiar da Silva, e concorrido com as espécies que lhe foram solicitadas para a Exposição Iconográfica, Bibliográfica e Medalhística comemorativa do 4.º centenário da publicação de “Os Lusíadas”, registou o significativo acontecimento, mandando cunhar uma medalha, encomendada ao escultor Matos Simões, promovendo um concerto camoniano no Teatro Municipal de S. Luiz (14 de dezembro) e tomando a iniciativa de organizar uma pequena exposição no Salão da Plateia do mesmo Teatro, documentando, através de estampas, xilogravuras, medalhas, manuscritos, espécies bibliográficas, etc., pertencentes aos seus arquivos, o papel que tem cabido a Lisboa e ao seu Município nas mais significativas homenagens que o País tem consagrado a Camões. 



Medalha comemorativa do 4.º centenário da publicação de Os Lusíadas
mandada cunhar pela C. M. L. segundo modelo de Matos Simões, 1972. 


Promoveu ainda o Município, integrado no mesmo ciclo das comemorações, a publicação de duas obras: Estudos Camonianos (colectânea de estudos de autores diversos, versando temas camonianos relacionados com a cidade de Lisboa) e o opúsculo intitulado Camões em Lisboa e Lisboa em Os Lusíadas, do Prof. Hernâni Cidade [...]”.”


*Fonte:
MOITA, Irisalva – Lisboa e o seu município nas comemorações camonianas, in Revista municipal. Publicação cultural da Câmara Municipal de Lisboa. Ano XXXIII, n.ºs 134-135 (trimestres de 1972), p. 27-28. – [Artigo total, p. 15-30].





As duas publicações referidas:





Estudos Camonianos. – “Contribuição da Câmara Municipal de Lisboa para as comemorações do IV centenário da publicação de Os Lusíadas". – Lisboa: Câmara Municipal, 1972.

– Contêm a reprodução de dois estudos de Hernâni Cidade (“Lisboa e Os Lusíadas na formação da Pátria” – conferência do Prof. Dr. Hernâni Cidade na abertura da Exposição Camoniana da CML com que foram inauguradas as grandes festas da Cidade em 9 de junho de 1934. Lisboa: s.n.; “A vida de Camões em Lisboa” – Adaptação, autorizada pelo autor, de parte do Cap. I de (1936) Luís de Camões: I o lírico. Lisboa: Imprensa Nacional, 1936 / 3.ª d., 1967) e uma coletânea de textos de diversa autoria sobre "O problema da casa onde morou e faleceu Camões" e O problema da data da morte Camões".









Camões em Lisboa e Lisboa nos Lusíadas Hernâni Cidade. 
– “Contribuição da Câmara Municipal de Lisboa para as comemorações do IV centenário da publicação de “Os Lusíadas”. 
– Lisboa: Câmara Municipal, 1972. 











Exposição camoniana nos Paços do Concelho de Lisboa, 1934

Exposição camoneana realizada de 9 a 12 de junho de 1934 nos Paços do Concelho de lisboa por ocasião das Grandes Festas da Cidade. – Catálogo. Lisboa: Serviços de Industriais da Câmara Municipal de Lisboa, 1934. – [74(1) p.].

Exposição camoneana de bibliografia e iconografia

Lisboa, Paços do Concelho, 9 a 12 de junho de 1934

com a colaboração de Afonso Dornelas e José Maria Rodrigues



“Homenagens a Camões integradas nas Festas da Cidade

por Irisalva Moita*


“Quando em 1934 a Câmara Municipal de Lisboa instituiu as Festas da Cidade que, nesse ano e no seguinte de 1935, tiveram brilho desusado, a Comissão então nomeada para as programar e organizar, presidida por Luís Pastor de Macedo, querendo nelas introduzir manifestações de caráter científico e cultural, de forma que estas não só divertissem como também educassem o «bom povo de Lisboa», aproveitando o facto de estas decorrerem no mês de Junho, resolvem introduzir no respetivo programa homenagens a prestar a Luís de Camões.

A inauguração oficial dos festejos de 1934 abriu, no dia 9 de Junho, com uma Exposição camoniana de bibliografia e iconografia, organizada nos Paços do Concelho, com a colaboração de Afonso Dornelas e José Maria Rodrigues, constituindo o seu catálogo um dos mais interessantes e completos repositórios de documentação camoniana entre nós. Seguiu-se, no mesmo dia, uma conferência sobre a vida e obra de Luís de Camões pelo ilustre camonianista Prof. Hernâni Cidade. Entre as cerimónias programadas para as festas de 1935 figurou, no dia 10, a cerimónia do descerramento duma lápide camoniana colocada no Convento de Santana, sobre o local onde se pensa esteve o túmulo de Camões. Por outro lado, a Feira do Livro, atendendo a uma sugestão da Câmara, dedica esse dia aos Poetas Portugueses em homenagem ao maior de entre eles.

Os programas das festas de 1934 e 1935, ilustrados, respetivamente, por Almada Negreiros e Stuart Carvalhais, incluem algumas vinhetas camonianas de grande interesse, cujos originais estão na posse dos Museus Municipais.

Programa das Festas da Cidade de 1934 

— página com ilustração de Almada Negreiros alusiva a Camões.


As Festas da Cidade com a intenção prescrita por aquela Comissão não têm prosseguido, pelo menos com regularidade, mas delas ficou a tradição de a Câmara prestar, no dia 10 de Junho, homenagem ao Príncipe dos Poetas Portugueses, através dessa simples mas tocante cerimónia da colocação, pelo seu presidente em representação da Cidade, dum ramo de flores no monumento do imortal autor de Os Lusíadas.

À devoção de Lisboa pelo culto de Camões, sempre viva e pronta a manifestar-se, foi ao ponto de levar uma Vereação (a presidida por Braamcamp Freire) a propor o dia 1o de Junho para dia da Cidade."

Programa das Festas da Cidade de 1935 

— página com ilustrações de Stuart Carvalhais alusivas a Camões. 






*Fonte:
MOITA, Irisalva – Lisboa e o seu município nas comemorações camonianas, in Revista municipal. Publicação cultural da Câmara Municipal de Lisboa. Ano XXXIII, n.ºs 134-135 (trimestres de 1972), p. 26-27. – [Artigo total, p. 15-30].