Celebrar Camões
por Jacinto do Prado Coelho
"Em todos os países civilizados há modernamente um amplo consenso, inclusive da parte dos governantes, quanto ao dever de celebrar os pensadores e artistas que foram casos excecionais de superação do homem pelo homem. Não se trata de simples formalidade académica ou de hábito vazio. Porventura cada vez sentimos mais a necessidade de, periodicamente, tomando certas efemérides como pretexto, nos distanciarmos dos problemas alienantes dum tortuoso dia-a-dia – aquilo a que o autor d’Os Lusíadas chamava «o baxo trato humano embaraçado» –, e de respirarmos ar mais puro, de reavivarmos a consciência dos grandes valores do espírito, de nos retemperarmos na contemplação da beleza, reatando o diálogo com as obras-primas enformadas por esses valores. Dando primazia à liberdade criadora e à plena liberdade crítica.
Camões, tema problemático e até polémico, solicita-nos por múltiplas razões. Um centenário permite, por exemplo, mostrar como se têm servido do poeta empobrecendo ou falseando a sua imagem, fazendo d’Os Lusíadas o breviário eterno de todos os «bons portugueses» e convertendo o poema, no fim de contas, em estandarte duma corrente ideológica. E, no entanto, com outra profundidade e outra largueza, Camões foi de facto expressão e intérprete incomparável da portugalidade, escreveu com o próprio sangue a mais nacional das epopeias e, embora com uma visão das coisas dependente, como não podia deixar de ser, das estruturas mentais do seu tempo (aliás um tempo de incerteza, de crise) e modelada pela condição de gentil-homem pobre, ainda hoje nos ensina em termos lapidares o civismo e o amor da pátria, exercendo o seu magistério de clerc, de humanista empenhado na ação, com um desassombro que não poupa ninguém. De tal modo que celebrar Camões, relendo-o, estudando-o, discutindo-o, difundindo-o, continua a ser imperativo da nossa consciência de portugueses.
Quanto mais longe do pragmatismo político e da oratória oficial, melhor. Não esquecendo que a pátria é, essencialmente, um espaço cultural, e a cultura uma pátria de homens livres. Benedetto Croce enganou-se quando considerou Os Lusíadas mero “panegírico político dum povo e da sua história”. Pelo contrário: um dos invulgares méritos do poema está na sua originalidade de epopeia crítica, patente na fala do Velho do Restelo. Camões, perante a História, não se limita a exaltar: interroga-se e interroga-nos.
De há muito os comentadores têm salientado, a par do portuguesismo do épico, o caráter universal da sua obra. E têm justamente posto em relevo que os dois aspetos não são incompatíveis. A gesta dos portugueses na devassa do mundo e nos contactos com povos longínquos, de outras raças e crenças e costumes, assume vários sentidos: animados pelo desejo de riqueza e de domínio, movidos também por um espírito de cruzada (conquanto, no Portugal do século XV, muitas dúvidas se formulassem sobre se era justa a guerra levada aos infiéis para lhes impor o cristianismo), os portugueses agiram como europeus do Renascimento e como expoentes dos indefinidos poderes do Homem, «bicho da terra tão pequeno» capaz, por uma virtù heroica, de escalar o Olimpo merecendo «glória e fama» para sempre. Mas ainda aqui Os Lusíadas se singularizam pelo sentimento de humanidade (a «piedosa humanidade» que repassa as palavras de mães, esposas, irmãs que vieram à praia do Restelo quando ia partir a armada do Gama) e pela adoção de perspetivas complementares: coragem e medo, euforia heroica e tragédia ou elegia. Para o conhecimento de Camões, quer das suas virtualidades estéticas quer da complexidade, contrastes e grandeza da sua alma, da sua inteligência sensível e da sua lúcida sensibilidade, Os Lusíadas não importam menos que as Rimas, e até o teatro e as cartas parecem indispensáveis para uma exata, não mutiladora compreensão. Apenas se poderá observar que na lírica a linguagem poética mantém qualidade mais homogénea porque na épica se tornam, por vezes, evidentes os sinais dum longo, árduo trabalho. Não falando já no peso duma retórica recamada de alusões mitológicas. Seja como for, atenção: Camões elegeu-se como poeta, e em poesia não é lícito desligar o pensamento do que nela é específico: a forma.
Poeta que continua fascinante, perturbante, em leituras atuais. Comemoram-no este ano na Califórnia e em Budapeste, em São Paulo e em Tóquio, em Madrid e em Bruxelas. Prova de que não pertence só a nós, portugueses — disso nos orgulhamos. No reino sem fronteiras da cultura, onde, respeitando as diferenças, se fomenta o diálogo, Camões pode ser uma das pedras para a construção da sociedade universal. A geografia das comemorações sanciona este projeto, «utópico» mas na zona do atingível." (p. 5-6)
1980 : ano de Camões
Informação Literária
[1. Encontro de Camonistas de Língua Italiana e Portuguesa, 18-21 de abril]
No Solar de Mateus (Vila Real), por iniciativa da Fundação da Casa de Mateus e do Instituto italiano de Cultura, decorreu entre 18 e 21 de Abril um Encontro de Camonistas de Língua Italiana e Portuguesa.
Na sessão inaugural usaram da palavra o embaixador da Itália, o Eng.º Fernando de Albuquerque e o Dr. Vasco Graça Moura.
Apresentaram comunicações Eduardo Lourenço, Óscar Lopes, Maria Vitalina Leal de Matos, Maria Antonieta Soares de Azevedo, Manuel Antunes, Henrique Barrilaro Ruas, Fiama Hasse Pais Brandão, Maria Leonor Buescu, José da Costa Miranda, Emanuel Paulo Ramos, Bernardo Xavier Coutinho e Jacinto do Prado Coelho.
A contribuição italiana, com Giuseppe C. Rossi, Giuseppe Tavani, Giulia Lanciani, Antonio Tabucchi, Riccardo Averini, Erilde Metíllo Reali, Ettore Finazzi-Agró e Luciano Rossi, foi decisiva para o êxito do colóquio, onde emergiu, mediante novos métodos e perspetivas, a imagem dum autor problemático, e até enigmático, sobre o qual muita coisa parece ainda por dizer.
Também apresentaram trabalhos um brasileiro, António Soares Amora, e uma francesa, Anne Gallut, que tem estudado o Morgado de Mateus, editor d'Os Lusíadas, e a influência exercida pela sua famosa edição. Prevê-se a reunião das comunicações num volume de atas.
[2. Prémio de Poesia Morgado de Mateus – 1980]
Por ocasião do Encontro de Camonistas, reuniu-se no Solar de Mateus o júri do Prémio de Poesia Morgado de Mateus – 1980, no valor de Esc. 500.000$00 e destinado a «galardoar o conjunto da obra poética dum autor vivo de língua portuguesa, cuja criação possa considerar-se, atento o especial significado do ano em curso, um paradigma dos altos valores humanos, estéticos e civilizacionais da cultura de língua portuguesa».
O júri, formado por António Soares Amora, David Mourão-Ferreira, Eduardo Lourenço, Giuseppe C. Rossi, Jacinto do Prado Coelho, João Gaspar Simões e Vianna Moog, atribuiu o prémio, ex aequo, ao poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade e ao poeta português Miguel Torga.
[3. Sessão solene da Academia das Ciências de Lisboa]
Em honra do Poeta, a Academia das Ciências de Lisboa realizou no dia 8 de maio uma sessão solene, presidida pelo Chefe do Estado em exercício e presidente da Assembleia da República, Dr. Leonardo Ribeiro de Almeida.
Nesta sessão, que contou com a presença do ministro-adjunto do Primeiro-Ministro, do Secretário de Estado da Cultura, do Embaixador do Brasil e do Cardeal-Patriarca de Lisboa, foram oradores o presidente da Academia, Prof. Manuel Jacinto Nunes («Camões e o Portugal contemporâneo"), os Profs. Luís de Albuquerque («O ambiente cientifico português no tempo de Camões»), David Mourão-Ferreira (“A Ilha dos Amores e o lirismo erótico de Camões») e Luís Vianna Filho («Camões e o Brasil») e o Dr. Mário Martins («Linhas de força da mensagem de Camões»).
[4. Colóquios Camonianos na Califórnia e em Santa Barbara, 25 e 26 de abril]
O Departamento de Espanhol e Português da Universidade da Califórnia e o Centro de Estudos Portugueses Jorge de Sena, em Santa Barbara, organizaram Colóquios Camonianos, nos dias 25 e 26 de abril.
Apresentaram comunicações Arthur Askins, Maria de Lourdes Belchior, J. V. de Pina Martins, David Jackson, Rebecca Catz, Frederick Williams, Joaquim-Francisco Coelho, Eduardo Mayone Dias, George Monteiro, Bryant Creel, Augusto Hacthoun, Gordon Jensen, Arnaldo Saraiva, António A. Cirurgião, Stephen Reckert, Yara Frateschi Vieira, José Martins Garcia, Davi Traumann e Vitor Manuel de Aguiar e Silva.
Na ausência dos autores, foram lidas as comunicações de José Rodrigues Miguéis, Francis M. Rogers, Agostinho Almeida, Leodegário A. de Azevedo Filho, Maria Leonor Machado de Sousa, M. Idalina Resina Rodrigues, Bernardo Xavier Coutinho, Armando Martins Janeira, M. Helena Ribeiro da Cunha e Nelly Novaes Coelho.
[5. Colóquio “Camões e a sua época”, na Universidade de Toronto, 11 e 12 de abril]
Na Universidade de Toronto, por diligência do Departamento de Espanhol e Português, dirigido pelo Prof. Kurt L. Levy, realizou-se em 11 e 12 de abril um colóquio sobre o tema «Camões e a sua época”, em que participaram os Profs. Maria de Lourdes Belchior, António J. Saraiva, Stephen Reckert, Harold Livermore, etc.
[6. Seminário de Helder de Macedo, Univ. Nova de Lisboa, 21 de março]
Em 21 de março, na Universidade Nova de Lisboa, Helder Macedo fez uma exposição em seminário sobre “A viagem iniciática n’Os Lusladas”.
[7. Conferência do Embaixador de Portugal no México, José Fernandes Fafe]
No México, os atos celebrativos do IV Centenário tiveram início em 31 de janeiro, com uma conferência do embaixador de Portugal, escritor José Fernandes Fafe, que, em sua casa e tendo como convidados os membros do corpo diplomático e a maioria da comunidade portuguesa local, falou de «Camões, hoje» e tornou público o programa que organizou para as comemorações naquele país.
[8. Número especial da revista Estudos Italianos em Portugal]
A modelar versão italiana duma seleção das Rimas de Camões, levada a cabo pelo Dr. Riccardo Averini, diretor, desde 1968, do Instituto Italiano de Cultura em Portugal, constitui um dos acontecimentos relevantes do presente ano comemorativo. Ao tradutor se devem também a introdução geral, as introduções parciais e as notas. O volume inclui ainda uma «antologia da crítica portuguesa» e dois textos de José da Costa Miranda, sobre a presença de Camões na ltália e as relações Camões-Ariosto – “confronto evidente no percurso do Orlando Furioso em Portugal». São ao todo 310 páginas. Trata-se dum número especial da revista Estudos Italianos em Portugal, a que deram apoio a Secretaria de Estado da Cultura e a Fundação Calouste Gulbenkian.
[9. Studi Camoniani 80 – Contributo alle celebrazione del centenario di Camões]
O 2.º volume dos Romanica Vulgaria Quaderni, dirigidos por Giuseppe Tavani, subordina-se ao título Studi Camoniani 80 – Contributo alle celebrazione del centenario di Camões e foi coordenado por Giulia Lanciani. Constitui notável testemunho do interesse dos lusófilos italianos pela nossa literatura.
No sumário, «Sobolos rios: a poesia da diáspora», por Manuel Simões; «Os Lusíadas e os outros (Contactos entre culturas e línguas no epos camoniano: a figura do intérprete)», por Ettore Finazzi-Agrô; “Actéon e o rei”, por Erilde Melillo Reali; «Considerações sobre Ariosto e Camões», por Luciano Rossi; «A propósito do Velho do Restelo», por Giuseppe Tavani; «Sobre o conflito entre amor ativo e amor contemplativo no teatro camoniano», por Cesarina Donati; «O Seleuco de Camões — desagregação e paródia duma lenda de amor», por Giulia Lanciani.
O primeiro artigo está redigido em português; os restantes, em italiano. O volume, assim que possível, será objeto de recensão critica nesta revista
[10. Conferência na Alliance Française de Lisbonne]
Na sede da Alliance Française de Lisbonne, o Prof. Daniel Henri Pageaux, da Sorbonne, presidente da Société Française de Littérature Générale et Comparée, proferiu em 15 de abril uma conferência sobre “Camões em França – Problemas de fortuna e receção críticas”.
[11. RTP-1 Ano Camões, co-produção lusa, espanhola e brasileira]
Com dupla perspetiva – a do Camões do século XVI, evoluindo num contexto histórico em que o espectador é iniciado, e a do Camões nosso contemporâneo, cujos conflitos e preocupações encontram correspondência nos dias de hoje –, a Radiotelevisão Portuguesa criou uma programação intitulada RTP-1 Ano Camões, em co-produção com a Espanha e o Brasil.
As emissões, que têm um gabinete de apoio constituído por David Mourão-Ferreira, João de Freitas Branco, Joaquim Barradas de Carvalho e José Hermano Saraiva, começaram em abril, prolongando-se até agosto de 1980, e nelas foram convidadas a participar figuras de relevo na vida cultural portuguesa.
[12. Conferência em Castelo Branco, por Cândido Beirante, em abril]
“Camões, um homem na sua época”, foi o tema da conferência que Cândido Beirante realizou, no mês de abril, em Castelo Branco, cidade onde existem mais de 300 exemplares de arquitetura civil contemporânea do Poeta.
[13. Comemorações camonianas em São Paulo, várias e diversas iniciativas]
O Consulado-Geral de Portugal e as Associações Luso-Brasileiras de São Paulo criaram uma comissão para as comemorações camonianas, com o patrocínio de diversas entidades, nomeadamente a Secretaria Estadual de Cultura e o próprio Governo.
Da sensibilização feita junto à área editorial e motivada por um concurso, de prémio compensador (abrangendo não só́ empresas editoras como instituições culturais), resultaram já oito edições de obras do Épico, a sair no decorrer do ano, algumas das quais de elevado nível gráfico.
Foram igualmente abertos concursos de «Pesquisa», «Jornalismo” e diversos dirigidos a áreas escolares de diferentes escalões, incluindo o universitário.
Outras iniciativos de caráter cultural em curso:
- uma grande exposição bibliográfica de Camões, na Biblioteca Municipal de São Paulo, simultaneamente com uma Feira do Livro Português, no Parque anexo à Biblioteca;
- Exposição de Imprensa de Língua Portuguesa, no Clube Português de São Paulo;
- Exposição Filatélica de tema camoniano;
- Prémio Camões, de Artes Plásticas; ciclo de conferências na Casa de Portugal em São Paulo;
- Encontro Camoniano Internacional, de 25 a 31 de julho, iniciativa do Instituto de Cultura e Ensino Padre Manuel da Nóbrega, e que reunirá cerca de 350 participantes.
[14. Comemorações camonianas em Santos / Brasil]
O Instituto de Estudos Portugueses de Santos (Brasil) teve, no seu plano de atividades para 1980, em particular atenção as celebrações camonianas. Assim, programou para abril uma exposição bibliográfica, com uma conferência da Prof.a Maria Aparecida Santilli, da Univ. de São Paulo, acerca da Lírica, e para maio uma «Semana de Estudos Camonianos», a cargo de professores da Univ. de São Paulo e da Faculdade de Letras de Santos. O mesmo Instituto, através do seu Conselho Diretivo, encarregou-se de elaborar os regulamentos dos concursos que vão ser promovidos, no âmbito das comemorações, naquela cidade brasileira.
[15. O número 2 da Revista Camoniana, da Universidade de São Paulo]
O número 2 (24 série) da Revista Camoniana, publicação do Centro de Estudos Portugueses da Univ. de São Paulo, contém artigos de Alexandre Cabral («A estranha participação de Camilo nas comemorações camonianas de 1980»), A. Álvaro Dória («Oliveira Martins e Camões»), Edith Pimentel Pinto («O bilinguismo no teatro de Camões»), Luiz Piva («Marcos de S. Lourenço, um comentarista inédito d'Os Lusiadas»), M. Isabel Bastos Cunha («Camões e Drummond: um paralelo») e Mário Martins («Os Lusíadas na tragicomédia del-rei D. Manuel I»), além de outros textos de A. Basílio Rodrigues, Manuel J. Pelaóz, Erasmo Magalhães, Nelly Novaes Coelho e Maria Helena Ribeiro da Cunha, directora da revista.
[16. Conferências camonianas do Centro de Estudos Portugueses em Belo Horizonte]
Ainda no Brasil: em Belo Horizonte (Minas Gerais), o Centro de Estudos Portugueses, dirigido pela Prof.a Lélia Duarte, projeta comemorar condignamente o IV Centenário; no ciclo de conferências previsto para junho, contam-se as de Sónia Maria Viegas Andrade (“Fundamentos filosóficos da obra camoniana”), Wilson Castelo Branco («O recenseamento político de Camões»), Ítalo Mudado («A teatralidade n'Os Lusladas»), Wilton Cardoso («O desconcerto do mundo») e Luiz Carlos Alves («Retórica e poética em Camões»).
[17. Comemorações organizadas pela Associação dos Arqueólogos Portugueses, 5 a 9 de maio]
A Associação dos Arqueólogos Portugueses consagrou ao autor d'Os Lusíadas um ciclo comemorativo, de 5 a 9 de maio, com as seguintes conferências: «Esboço de auto-retrato poético de Camões», pelo Prof. Joaquim Veríssimo Serrão; «A Ilha dos Amores – introdução a uma análise simbólica», pela Dr.ª Maria Antonieta Soares de Azevedo, e «A figura histórica e lendária de D. Afonso Henriques apreciada por Camões», pelo Dr. Fernando Castelo-Branco.
Prestaram depoimentos sobre a Casa de Camões a escritora Manuela de Azevedo, a Dr.ª Maria Clara Pereira da Costa e o Arq.º Jorge Segurado, realizando-se por fim um concerto com música sacra e palaciana do séc. XVI, pelo grupo Polyphonia Scola Cantorum, no Mosteiro dos Jerónimos.
[18. Ciclos comemorativos na grande Lisboa: teatro, cinema, música, exposição documental, palestras]
Coincidindo com a estreia, em Almada, do seu novo espetáculo – a peça de José Saramago Que Farei com Este Livro?, inspirada na vida de Camões –, o Grupo de Teatro de Campolide anuncia vários ciclos comemorativos, de cinema, música, uma exposição documental, e palestras de M. P. Rio de Carvalho, Óscar Lopes, João de Freitas Branco, Luiz Francisco Rebello, António Borges Coelho e Helder Macedo, sobre o Poeta e o século XVI.
[19. Prémios Luís Vaz de Camões, da Editorial Caminho]
Um dos dois prémios Luís Vaz de Camões que, como no último número informámos, a Editorial Caminho instituiu foi atribuído a Pedro Alvim, autor do livro de poemas Inédito Rútilo é o ‘"’”.
Também por decisão unânime do júri, não foi concedido o prémio na modalidade Ensaio.
[20. Celebrações em Goa, Damão e Diu]
Em recente visita oficial ao nosso país, o ministro da Educação e Cultura da Índia, B. Shankaranand, que em Lisboa assinou um acordo cultural luso-indiano, revelou à Imprensa que a Assembleia de Goa, Damão e Diu elaborou um programa comemorativo do 4.º centenário da morte de Camões.
[21. Concurso literário promovido pelo Grupo Desportivo dos Trabalhadores da Mundet, do Seixal]
O Grupo Desportivo dos Trabalhadores da Mundet, do Seixal, promoveu um concurso literário desdobrado em dois sectores: o primeiro, só́ para os empregados da fábrica, sob o tema «Camões visto por um trabalhador» (2 folhas dactilografadas), e o segundo, aberto a toda a população local, sobre «A universalidade da obra de Camões» (3 folhas dactilografadas).
[22. Boletim da FCG]
É dedicado especialmente à juventude, no quarto centenário da morte de Camões, com um texto expressamente escrito por Adolfo Simões Múller e ilustrações de Fernando Bento, o último número do Boletim do Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian.
[23. Os Lusíadas em esperanto]
Um dos projetos para 1980 é a publicação duma versão d'Os Lusíadas em esperanto, elaborada, em oitavas de versos rimados, pelo brasileiro Leopold H. Knoedt, que já traduziu na mesma língua internacional Poemas Escolhidos de Castro Alves. Nesta iniciativa se mostra empenhada a Associação Portuguesa de Esperanto.
[24. Encontro-debate no Teatro Aberto, em Lisboa, 31 de março]
No Teatro Aberto, em Lisboa, decorreu em 31 de março um encontro-debate – «Camões, a sua época, a sua obra” –, com a participação de A. Borges Coelho, Armando Castro e Óscar Lopes.
[25. Exposições na BNP]
No átrio da Biblioteca Nacional de Lisboa, painéis com a reprodução ampliada de versos d'Os Lusíadas, elementos iconográficos e dísticos alusivos em português, francês e inglês assinalam o IV Centenário de Camões.
Com idêntico propósito, a Biblioteca Nacional tomou a iniciativa de promover um ciclo de exposições: na que durante o mês de maio esteve aberta — «Timor do séc. XV! ao séc. XX» — avultou o livro do «primeiro dos poetas portugueses que cantando disseram da Ilha Verde e Vermelha de Timor (n'Os Lusíadas, X, 134)».
[26. Colóquio camoniano, nos Serões da Casa do Alentejo», em 14 de maio]
Integrado nos «Serões da Casa do Alentejo», teve lugar em 14 de maio nesta agremiação regional um colóquio sobre Camões, com a participação de Jacinto do Prado Coelho, Luiz Francisco Rebello, António Reis e António Borges Coelho. No final, o poeta Armindo Rodrigues leu composições de sua autoria inspiradas em Camões.
Fonte:
“1980: Ano de Camões”, Colóquio/Letras, n.º 55, (maio 1980), p. 103-107.