2023/03/03

A monstruosidade do Adamastor, ou a interpretação plástica e crítica contemporâneas







ADAMASTOR, Nomen gigantis

sobre uma escultura popular de José de Guimarães


Vasco Graça Moura


Porto: Edições Afrontamento, 2000

32 x 27,5 cm.
álbum de 72 pp.

Ilustrado com desenhos e fotografias a cores 
sobre papel couché.





Texto de 
sobre uma escultura popular de 
acompanhado por 
esboços e fotografias de obras deste






“A iconografia tradicional do Adamastor representa-o como uma criatura enorme de vulto humano e disforme, emergindo pesadamente das águas revoltas, numa aura sinistra. Os artistas seguiram mais ou menos à letra a descrição camoniana da figura colossal. O resultado não vai por vezes sem recordar certas esculturas no interior das grutas maneiristas italianas, confirmando inquietantes seres de forma humana obtida a par das concreções geológicas da pedra, mais ou menos adaptadas pela mão dos artistas, e de que o próprio Camões pode aliás ter conhecido representações em gravuras e desenhos, como é muito provável que tenha conhecido por idêntica via processo de agregação de elementos de vária ordem para compor figuras antropomórficas, semelhantes aos de Arcimboldo, como pode supor-se pelo retrato de Tritão no canto VI (17-19).” 
"[...] José de Guimarães é, de há muito, um leitor e um intérprete plástico de Camões. Mas até agora, ele tinha ido buscar ao poeta uma temática e uma emblemática para os registos exuberantes da sua pintura. Com o Adamastor, José de Guimarães vai antes buscar a Camões a ideia geral de uma figura, um príncipio de monstruosidade e gerador de monstruosidades, que depois combina com outros elementos, literários e extras-literários.” 
VASCO GRAÇA MOURA






José de Guimarães foi o autor da escultura 
"Adamastor", 1999
encomendada para celebrar 
o Festival dos Oceanos no Parque das Nações.