2024/07/29

Os Lusíadas adaptados e em braille por Assis Ângelo

 

A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama:

adaptação livre de Os Lusíadas para Canto e Cordel

LANÇAMENTO DA OBRA

de Assis Ângelo

2 AGO. 2024 | 17h às 21h | no Memorial da América Latina, em São Paulo

Memorial da América Latina
= Biblioteca Latino-Americana Victor Civita
Rua Tagipuru, 500
Portão 2, junto ao metro Barra Funda


Com leitura de textos poéticos da obra por
Isabella Lopes Caperuto e Matheus Jesus Santana
Bacharelandos em História, USP


Evento integrado nas celebrações dos

500 anos do nascimento do poeta Luís de Camões e a importância da Língua Portuguesa


Organização:

Fundação Memorial da América





Vasco da Gama, o capitão da frota, e o poeta que relatou a viagem em verso,
cerca de 70 anos depois - Luís de Camões
Imagem no perfil do Facebook de Assis Ângelo


Assinalando os 500 anos do nascimento de Luís de Camões,
Assis Ângelo, escritor e jornalista, com deficiência visual,
escreveu uma adaptação em braille de “Os Lusíadas”.

O autor adotou uma linguagem simples e direta, 
para mais fácil compreensão da narrativa, 
substituindo o esquema estrófico e métrico original - oitavas em decassílabo, 
por sextilhas em hexassílabo (versos de 6 sílabas métricas)
"forma comumente empregada por artistas do repente e cordelistas" brasileiros
e que também se encontra, em alternância com o decassílabo, na poesia trovadoresca portuguesa.

No dia 2 de agosto, ocorrerá um evento multimédia com
a exposição das imagens que ilustram a obra,
 a leitura dramática do texto e 
uma mesa redonda com Assis Ângelo e especialistas em Camões.




Assis Ângelo (Texto); Felipe Toledo (lustrações)
A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama: adaptação livre de Os Lusíadas para Canto e Cordel
São Paulo: Casa de Conteúdo; impresso na Fundação Dorina Nowil, julho de 2024. 
Ilustração de capa: Felipe Toledo e Marina Sakamoto | 100 páginas. 
Edição: Sylvia Jardim. | Revisão: Liane Lossano.




"A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama é uma adaptação livre de Os Lusíadas, a mais famosa obra da literatura portuguesa que retrata o heroísmo do povo português e as conquistas marítimas através da viagem de Vasco da Gama a caminho das Índias.

Para começar, pode-se dizer que o autor “traduziu” o original. O complexo esquema camoniano foi “substituído” por sextilhas, o estilo de poesia de seis linhas de sete sílabas, onde as linhas pares rimam entre si, conservando as demais sem rima obrigatória. Uma poesia de fácil compreensão e muito usada pelos artistas do repente e cordelistas.

Além da mudança no esquema rítmico que torna a compreensão da história muito mais simples, a adaptação apresenta novos personagens que interagem com os criados originalmente por Camões. Deuses, ninfas, monstros e gigantes da versão original se juntam a novos tipos aproximando o público das proezas de Vasco da Gama, da valorização da nossa herança portuguesa, da nossa língua mãe e da nossa própria identidade cultural.

Talvez nos bastasse a simplificação de Os Lusíadas? Ou a coincidência deste livro estar sendo lançado quando se comemoram os 500 anos do nascimento de Camões? Mas nossa mensagem vai além! A adaptação que dá origem ao livro de poesia A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama foi criada por uma pessoa com deficiência visual total.

Ler A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama é uma maneira simples de conhecer as clássicas histórias de Camões e também contribuir para a causa das pessoas com deficiência."
Sinopse, in Clube de Autores 





  1. Agenda com o programa do dia 2 de novembro, em que será lançada a obra de Assis Ângelo, na biblioteca do Memorial da América Latina, em São Paulo.
  2. Assis Ângelo, autor de A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama: adaptação livre [de] Os Lusíadas, São Paulo: Clube de Autor; impresso na Fundação Dorina Nowil, 2024. - 100 páginas, ilustradas. - Imagem na página do Facebook do autor.
  3. Três estrofes da narrativa adaptada da epopeia original de Luís de Camões: sextilhas, em verso hexassílabo, cujas rimas ocorrem nos versos pares (2.º, 4.º e 6.º).
  4. José-Manuel Diogo, criador do projeto “Casa cidadania da Língua” e fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos, que fomenta a cultura entre os dois países. - Imagem na página do Facebook de Assis Ângelo.
  5. Vera Ferlini, Professora da USP que participa na mesa-redonda sobre Camões.
  6. Rodrigo Ricupero, Professora da USP que participa no debate camoniano intitulado "Tempo e História".




para saber +

Fundação Memorial da America Latina celebra Camões e a Língua Portuguesa

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 22.07.2024

Assis Angelo | Facebook











Redação: 29.07.2024

Congresso Internacional “A Língua Portuguesa em Música” é organizado pelo CESEM

  

Cartaz do evento, pelo Diretório de Camonística

“A Língua Portuguesa em Música: Camões, 500 Anos”

III CONGRESSO INTERNACIONAL 


13 - 15 FEV. 2025 | U. NOVA - FCSH

Organização:

Coordenadores: David Cranmer e Alberto Pacheco

NOVA-FCSH
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa








"É inquestionável e notória a importância de Luís de Camões para o desenvolvimento da língua e da literatura portuguesas. Após 500 anos do nascimento do poeta, sua obra continua hoje viva e festejada em toda comunidade lusófona. 

Diante disso, o Governo Português oficializou dois anos de celebrações pelo seu quincentenário, a partir de 10 de junho de 2024.

O Caravelas, Núcleo de Estudos da História da Música Luso-brasileira do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical - CESEM, não poderia ficar à parte dessas comemorações. 

Afinal, a obra e a vida de Camões foram visitadas e festejadas por vários compositores portugueses e brasileiros, o que deu origem ao mais variado repertório, que vai desde canções até o repertório sinfónico, passando pelos géneros dramáticos e sacros.

Esta produção musical, para além de confirmar a importância do poeta e de contribuir para que ele alcançasse o estatuto de verdadeiro herói nacional em ambos os países, colaborou para a disseminação e memoração de sua produção literária. Portanto, o Caravelas vai dedicar a Luís de Camões a terceira edição do Congresso Internacional “A Língua Portuguesa em Música”, a ter lugar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, entre os dias 13 e 15 de fevereiro de 2025."




Chamada de artigos para o evento

Até 15 set. 2024 
Saiba mais neste link.





TEMAS

Específicos:

A música e a obra de Camões

Textos de Camões postos em música

Camões como inspiração para composição musical

As celebrações musicais dedicadas a Camões

Gerais:

O património musical em português

Desafios de interpretação repertório em português

A Pronúncia do Português cantado e suas variantes geográficas, sociais e
históricas

Repertório em versão portuguesa: a questão da tradução

As relações da língua portuguesa com os projetos musicais nacionalistas







Cartaz oficial do III Congresso Internacional 
"A Língua Portuguesa em Música: Camões, 500 Anos”






para saber +


in CESEM - Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical | Universidade NOVA











Redação: 29.07.2024

2024/07/28

Cordel - As perguntas do Rei e as respostas de Camões, de Severino G. de Oliveira



AS PERGUNTAS DO REI E AS RESPOSTAS DE CAMÕES

CORDEL 

Severino G. de Oliveira


Maceió - AL - Brasil  Alfredo Cazado, (ed. prop.) | 16p. 

São Paulo: Luzeiro, 2012. | 31p., il., 19cm. - Coleção Luzeiro.



 

Leitores, se vós escutar
esta pequena proposta
da descrição de Camões,
acha interessante e gosta
ouvindo o que ele fez,
sorria pra cair de costa.

Camões foi enjeitado
ninguém sabe onde nasceu;
dizem que acharam ele
na porta de um fariseu,
num dia santificado
de Santo Bartolomeu.

O Fariseu quando o achou
levou-o para criar.
Com cinco anos botou
Camões para estudar;
com seis anos ele aprendeu
Ler, escrever e contar.

Com sete anos, Camões
não era mais inocente,
começou a viajar
pelo mundo abertamente
profetizando o futuro
o passado e o presente.

Na hora que o Rei soube
desse Camões afamado,
mandou logo um Conselheiro
depressa dar-lhe um recado:
"Que viesse com urgência
comparecer ao Reinado".

Camões, recebendo a ordem
do Rei, seu superior,
foi direto ao Reinado
chegando lá com amor.
Saudou o Rei, depois disse:
__ Às ordens, Rei meu senhor.

O Rei disse pra Camões:
__ Ouça o que vou lhe dizer:
eu tenho 30 perguntas
para você responder,
se falhar uma das tais
sem recurso vai morrer.

Camões respondeu ao Rei:
__ Seu trabalho é complicado,
porém o senhor comigo
vai tomar o bonde errado.
Faça lá suas perguntas,
que sou um pouco vexado.

O Rei disse a Camões:
__ Tu és um menino novo,
vou fazer-te uma pergunta
aqui perante o povo:
Qual é o melhor da galinha?
Camões respondeu: __ O ovo.

Com um ano e quatro meses,
no dia de Carnaval,
o Rei encontrou Camões
e perguntou afinal:
__ Camões, me diga - Com quê?
Ele respondeu: __ Com sal.

O Rei gritou: __ Ora bolas!
Agora eu vou enrascá-lo:
Camões, você vá na Corte
antes deocantar do galo,
não vá vestido nem nu
nem a pé nem a cavalo.

Camões pensou ali consigo:
"O Rei comigo não pode".
Vestiu-se numa tarrafa
e assanhou o bigode
e para a casa do Rei
saiu montado num bode.

Camões chegando gritou:
__ Cheguei eu aborrecido
nem a pé, nem a cavalo
não cheguei nu nem vestido.
O Rei disse: __ Nem o cão
dá jeito a esse bandido.

O Rei com essa resposta
quase dava-lhe a murrinha.
Chamou Camões e disse-lhe:
__ Você com a ordem minha
vai desleitar um boi
amanhã à tardezinha.

Quando foi no outro dia,
Camões saiu preparado.
Perto da casa do Rei
deu um grito agigantado.
Quando o Rei olhou na porta,
Camões vinha disparado.

Quando Camões foi passando,
o Rei disse: __ Credo em cruz.
__ Pra onde vai? Camões disse:
__ Com a ordem de Jesus,
vou buscar uma parteira
que meu pai quer dar a luz.

O Rei disse: __ Mentiroso!
Me diz agora onde foi
que viste homem dar luz?
Nessa vez Camões disse: __ Oi,
me diga qual é a terra
que se tira leite em boi?

Nessa hora, o rei ficou
em ponto de se morder.
Disse [a] Camões: __ Me responda
sob pena de morrer:
Quanto mais cresce mais míngua,
o que é que quer dizer?

Camões disse: __ Senhor Rei,
a coisa está decidida:
um velho de 80 anos
já tem idade crescida;
quanto mais cresce a idade
mais minguam os dias de vida.

Disse o Rei: __ Vou fazer outra.
Preste atenção no momento:
Quanto mais tira, mais cresce.
Responda, sem fingimento.
Se você responder esta,
eu sei que tu tens talento. 

Camões deu uma risada
com gesto de mangação
Olhou para o Rei e disse:
__ Vou dizer, preste atenção:
Quanto mais tira, mais cresce
É um buraco no chão

O Rei ficou se mordendo
e saiu encabulado.
Chegou em casa pensando
qual era o plano acertado.
Quando acertou disse: __ Eita
Morreste, Camões danado!

Chamou Camões e lhe disse:
__ Se não disser vai pra forca.
Vou fazer outra pergunta,
responda se for matraca:
Por que é que a bezerra
Só anda atrás da vaca?

Camões respondeu ao Rei:
__ Eu digo perfeitamente.
Eu, como não tenho estudo,
tenho cá na minha mente:
ele anda atrás da vaca
porque ela vai na frente. 

O Rei respondeu: __ Está certo,
me respondeu na razão.
Quero que responda outra:
Qual é o animal então
Que luta com três sentidos?
Dê-me essa explicação.

Camões disse: __ É um cachorro
magro que só [come] bacalhau.
Com um sentido, ele late
com outro, defende-se do pau
e outro vai no nariz
farejando o bicho mau.

O Rei disse: __ Adivinhou,
mas tenho outra pra dizer.
Sê firme, preste atenção
o que vou lhe esclarecer
Se não der resposta certa
O jeito é você morrer.

Camões disse para o Rei:
__ Minha língua não emperra.
O Rei disse: __ Então responda:
Ligeiro sem fazer guerra,
quem é que nasce e não morre
em cima de nossa terra?

Camões disse: __ Senhor Rei,
o meu pensar não é torto. 
Isso que o senhor pergunta
só parece de um aborto:
quem nasce, não morre mais.
Com certeza nasce morto.
 

O Rei disse: __ Eu tenho outra
Para você responder,
a pergunta é a seguinte,
responda se se atrever:
O que é que o homem faz
que Deus não pode fazer?

Camões disse para o Rei:
__ Vou responder com franqueza:
Muitos homens se embriagam
e caem até na fraqueza
de Deus não fazer isto,
eu tenho plena certeza.

O Rei disse: __ Muito bem.
Me responda num segundo,
quero que responda outra
com seu pensar iracundo:
Me diga qual o vivente
que não tem amor ao mundo?

Camões respondeu: __ É peixe
que dentro das águas corre,
porém quando vê o mundo
alguém não lhe socorre,
ligeiro perde a ação,
com 5 minutos morre.

O Rei disse: __ Está certo,
mas vai perder seu valor
com esta pergunta agora
que vou fazer ao senhor:
Me diga, quem está acima
de Jesus o Salvador?

Camões disse: __ Eu vou dizer
com a fé que tenho nele,
agora neste momento
eu sou forçado a dizer-lhe:
Quem vive acima de Cristo
só é a coroa dele. 

O Rei ficou pensando
com a tal declaração.
Disse: __ Esse Camões danado
não tem cara de cristão;
pelo jeito me parece
ser protegido do cão.

Porém, disse ali consigo:
"Agora eu vou lhe enrascar."
Chamou Camões e lhe disse:
__ Outra eu vou lhe perguntar
esta eu quero ver
você dizer sem pensar.

Preste atenção, veja esta
que muito decente eu acho
me responda esta pergunta.
Cuidado, não passe em baixo!
Qual é o animal que
Nasce fêmea e morre macho?

Camões disse: __ Senhor Rei,
isso eu já sei o que é:
é um bichinho pequeno,
preto da cor de café,
é pulga e só vira bicho
depois que entra no pé.

Disse o Rei: __ Vou dizer outra,
talvez você não conheça
se não for experiente;
talvez que você padeça.
Qual é o bicho que anda
com os pés sobre a cabeça?

Camões disse: __ Essa pergunta,
para mim serve de molho,
é mesmo que um cozido
com coentro, couve e repolho:
quem bota os pés na cabeça
só pode ser um piolho.

O Rei disse: __ Este danado
o cão é amigo dele,
na charada e na pergunta
no mundo ninguém dá nele;
pelo jeito que eu vejo,
nem o cão enrasca ele.

Mas eu tenho outra pergunta
para ele responder.
Chamou Camões e lhe disse:
__ É pra você me dizer
o que é que quem não tem
também não deseja ter?

Camões pensou um pouquinho
e nessa ocasião
chamou o Rei e lhe disse:
__ Na minha decifração,
eu tenho pra mim que é
doença, intriga e questão.

O Rei ali levantou-se
e lhe disse: __ Vagabundo,
me responda outra pergunta
em menos de um segundo:
Divida a Terra e me diga
onde fica o meio do Mundo?

Camões pegou um compasso,
com muita coragem e fé;
fez uma roda no chão
e no meio botou o pé
disse para o Rei: __ Olhe,
o meio do mundo onde é.

O Rei disse pra Camões:
__ Não interrompa a escrita;
me diga qual é a flor
que todo homem palpita?
Camões sorriu e lhe disse:
__ É uma moça bonita.

Com essa resposta, o Rei
saiu todo encabulado.
Chegando em casa contou
de Camões o resultado.
A Rainha disse: __ Eu
Enrasco aquele danado. 

Nisto, a Rainha pegou
um urinol cor de vinho
superlotou-o de noite,
saiu muito cedinho
onde Camões passava
deixou ele no caminho.

Quando Camões foi passando
olhou, ficou abismado.
Pegou o vaso dizendo:
__ É muito certo o ditado:
Quem não come da galinha
rói os ossos e bebe o caldo.

Camões sempre acostumava
nesse lugar, à tardinha,
olhar para a atmosfera
em uma pedra que tinha.
O Rei, que sabia disso,
convidou logo a Rainha.

Quando foi de manhãzinha
da Corte os dois viajaram.
Às cinco e meia do dia
na dita pedra chegaram.
Levaram ela e logo
por baixo um papel botaram.

Quando botaram o papel,
Camões chegou apressado.
Subiu na pedra e ficou
olhando pra todo lado.
Naquilo, o Rei perguntou
__ Que vez, que está assombrado?

Camões disse: __ Senhor Rei,
amargura não dá mel:
Saiba Vossa Senhoria
o mundo não está fiel
porque a Terra subiu
altura de um papel. 

Nessa hora, o Rei voltou
pra casa desenganado.
Chegando em casa formou
um pensamento acertado,
dizendo: Com esta agora
eu mato aquele danado.

Depressa chamou Camões
foi lhe dizendo assim:
__ Eu quero que você faça
um trabalho para mim.
Com este você escapa
Ou, de fato, leva fim. 

O trabalho é pra você
ir lá naquele sobrado
arrancar um cabedal
que tem num quarto enterrado,
pra ver se por este meio
acaba o mal-assombrado.

Camões disse: __ é muito fácil:
lá cada quarto tem três,
só não posso é arrancar
todos eles de uma vez.
Só garanto ao senhor
em dar-lhe um todo mês

O Rei disse: __ Muito bem.
Do que se passou eu lembro
nosso contrato está feito, 
hoje é 15 de novembro: 
basta me dar o primeiro
no meado de dezembro.

Camões foi lá ao sobrado
e um buraco cavou.
Depois comprou uma jarra,
no mesmo canto enterrou.
Começou a estercar dentro
Até que superlotou.

Quando a jarra estava cheia
Camões cobriu desta vez
com 100 moedas de ouro
e saiu com rapidez.
Foi convidar o Rei mesmo
no dia que fez um mês. 

O Rei saiu com Camões,
sem fazer cara de choro,
quando chegou no quarto
que viu o grande tesouro
disse: __ Camões, eu preciso
tomar um banho de ouro.

Pegou a jarra e amarrou
sob os caibros do telhado
ficando debaixo dele;
bateu com um ferro pesado.
Quando a jarra abriu-se em bandas
foi merda pra todo lado.

Camões desertou dali,
e não quis mais brincadeira.
Reinou tristeza na Corte
E nessa hora fagueira
lembram-lhe este folheto
do trovador Oliveira





  1. Capa do cordel: "As perguntas do Rei e as respostas de Camões," de Severino G. de Oliveira.
  2. Capa do cordel: "A volta de Camões e novas perguntas do Rei", folheto da autoria de Luiz Alves da Silva. - Outra transcrição aqui.



para saber +

As perguntas do Rei e as respostas de Camões, de Severino G. de Oliveira | PDF

Na Biblioteca Virtual Cordel | U. Poitiers, França

Cordel: Perguntas do rei e as respostas de CAMÕES | Vídeo, 16:09












Redação: 28.07.2024

Festa literária FLIM, no Brasil, homenageia Camões




500 Anos de Camões: Navegando nos Mares da Literatura

7ª Festa Literária de Itapecuru Mirim (FLIM)


6 a 8 NOV. 2024 
Na Praça Gomes de Souza, em Itapecuru Mirim, Maranhão, Brasil

Organização:

Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes AICLA 
e Prefeitura de Itapecuru Mirim










O evento "contará com inúmeros parceiros 
que transformarão a cidade de Itapecuru Mirim 
na capital maranhense da literatura e das artes.

O tema é 500 anos de Camões:Navegando nos Mares da Literatura.

Também serão homenageadas as imortais 
Benedita Azevedo e Arlete Nogueira Machado.










para saber +


Alberto Júnior
in Itapecuru Notícias, 26.07.2024












Redação: 28.07.2024, atualizado em 29.07.2024

2024/07/25

Concerto inspirado n'Os Lusíadas por António Durães e António Saiote



“Os Lusíadas” | Clarinete e voz

CONCERTO
Com os artistas António Durães e António Saiote


26 JUL. 2024, sexta-feira | às 21h | na Capela do Paço Ducal de Vila Viçosa 

Iniciativa que integra a 
"Temporada de concertos Capela do Paço Ducal de Vila Viçosa" 

Organização:

Fundação da Casa de Bragança.

Uma performance centrada na epopeia "Os Lusíadas" de Luís de Camões.

Entrada gratuita.


"Neste ambiente intimista e repleto de história, a melodia do clarinete e a expressiva interpretação vocal guiarão o público numa viagem pelos mares e aventuras narradas por Camões. Será uma noite onde a música e a poesia se fundem, evocando as grandes epopeias e os feitos heroicos dos navegadores portugueses.

Não perca esta oportunidade de vivenciar um momento de profunda beleza artística, num cenário que remonta ao esplendor da realeza e da cultura portuguesa. [...]

Junte-se a nós para uma noite mágica dedicada à celebração de "Os Lusíadas" através da música e da palavra. Esperamos por si!"

Fundação da Casa de Bragança



“Nos quinhentos anos de Luís de Camões, obrigatório se torna a releitura da sua obra maior, mesmo que enformada por uma outra efeméride (os 50 anos do 25 de Abril), buscando nela momentos e espaços onde o poeta reflete sobre esse conceito maior, A LIBERDADE, aconchegando nessa reflexão alguns momentos onde dá asas à sua própria voz, entoa o poema de forma mais pessoal e fala do amor, pois claro, mas também do dinheiro que torce a liberdade, da corrupção dos costumes que a deforma, onde fala sobre a justiça, sobre a arte (e a nossa mais proverbial incapacidade para nos atermos nela, refletirmos com ela, sermos melhor iluminados por ela) e sobre a inveja, palavra e ideia que guarda para o fim e com a qual encerra o poema”.

Os Lusíadas, enquanto contentor maior da nossa história (viagem) e das nossas pequenas perplexidades, são o veículo único para uma seleção a fazer-se.

Propomo-nos ater mais afincadamente nos finais de canto quando, não deixando de lado a história maior a narrar, o poeta se detém de forma mais distendida neste ou naquele conceito, afirmando de maneira mais íntima as convicções que o animam, deixando que a sua voz fique mais próxima da consciência que tem do mundo e do seu tempo, tal qual ele o entende à luz de seiscentos.”
António Saiote e António Durães
Do cartaz de divulgação do Concerto











para saber +



in TV Europa, 24.07.2024










Redação: 24.07.2024